Na imponente Abadia de Westminster, no centro de Londres, o arcebispo de Canterbury, Justin Welby, líder espiritual da Igreja da Inglaterra, colocou na cabeça do monarca de 74 anos a coroa de Santo Eduardo, que não era utilizada desde a coroação, em 1953, de sua mãe, que faleceu em setembro do ano passado.
A multidão reunida nas ruas de Londres, apesar da chuva, aplaudiu e comemorou o momento.
A rainha Camilla, 75 anos, foi coroada em seguida.
Após a cerimônia, os monarcas retornaram ao Palácio de Buckingham na segunda procissão do dia, escoltados por milhares de militares com uniformes de gala.
Na sacada do palácio, Charles III e Camilla saudaram a multidão e assistiram a uma apresentação da Força Aérea, encurtada devido ao mau tempo.
O rei e a rainha apareceram na sacada ao lado de vários integrantes da família real, mas sem o príncipe Harry, filho mais novo do monarca, de 38 anos, que mantém uma relação tensa com a monarquia e compareceu à cerimônia sem a esposa esposa Meghan, que permaneceu na Califórnia, Estados Unidos, com os dois filhos do casal.
"Deus salve o rei!"
Quase 2.300 convidados estavam no templo, incluindo a primeira-dama dos Estados Unidos, Jill Biden, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, assim como centenas de representantes da sociedade civil britânica.
Harry sentou-se discretamente ao lado dos primos na terceira fileira da abadia.
"Deus salve o rei Charles!", afirmaram os presentes para marcar o início da cerimônia, depois que Charles III e Camilla entraram com as capas cerimoniais na abadia, após a primeira procissão em uma carruagem que começou no Palácio de Buckingham.
Com a mão na Bíblia, o rei prestou juramento. Em seguida, na parte que é considerada a mais sagrada da cerimônia, o arcebispo Welby ungiu as mãos, o peito e a cabeça do monarca, que estava escondido da vista do público por uma tela.
Em substituição à tradicional homenagem dos aristocratas, o religioso convidou todas as pessoas, onde quer que estivessem assistindo ou ouvindo a coroação, a jurar lealdade ao novo rei, uma novidade histórica que pretendia democratizar a cerimônia, mas que provocou fortes críticas do movimento contrário à monarquia.
- Manifestantes detidos -
Milhares de fãs da monarquia se aglomeraram nas ruas de Londres, ao longo do percurso da carruagem real.
"Estamos muito entusiasmados, muito orgulhosos de sermos britânicos", disse à AFP Phyllis Taylor, de 60 anos, que viajou da Escócia para Londres com o marido para "esta ocasião muito especial".
No trajeto, no entanto, o casal real passou por cartazes do grupo antimonarquista "Republic", com a frase "Not my king" (Não é meu rei). Os organizadores do protesto foram detidos antes da manifestação.
"Abolir a monarquia, não o direito de protestar", tuitou o grupo cinco horas depois. "Toda a equipe principal do Republic permanece detida. Nenhuma razão foi apresentada".
Quase 20 membros do grupo ecologista "Just Stop Oil" também foram detidos. A polícia, que mobilizou 11.500 agentes para a ocasião, anunciou que não toleraria nenhum tipo de distúrbio.
"Nenhum ativista do 'Just Stop Oil' detido tinha cola, tinta ou qualquer plano para atrapalhar a coroação", afirmou o grupo no Twitter.
"As novas leis policiais significam que agora vivemos em um pesadelo distópico: este exagero vergonhoso é o que poderíamos esperar em Pyongyang, Coreia do Norte, não em Westminster", acrescentou.
ONGs como a Human Rights Watch e Greenpeace também criticaram a nova lei promulgada de forma acelerada esta semana que dá mais poderes à polícia para impedir manifestações.
- Joias e vestimentas com ouro -
Embora o rei desejasse uma cerimônia mais moderna e simples que a de sua mãe, em um momento de grave crise pelo aumento do custo de vida, três coroas cravejadas de diamantes foram utilizadas no evento: uma para Camilla e duas para Charles III, porque a coroa de Santo Eduardo é usada apenas no momento preciso da coroação.
Também foram utilizadas diversas vestimentas antigas bordadas a ouro: o rei apareceu com as peças de maneira progressiva durante a cerimônia, o que incluiu três cetros, uma espada cravejada de pedras preciosas e um par de esporas de ouro.
Para seguir as convicções ecológicas do monarca, o óleo utilizado na unção era vegano, mas foi consagrado - como a tradição exige - na Igreja do Santo Sepulcro de Jerusalém.
No domingo serão organizadas refeições coletivas em todo o país e um grande show em homenagem ao rei diante do Castelo de Windsor, a oeste de Londres.
Na segunda-feira, que será feriado na Inglaterra, o casal real pediu aos britânicos que façam trabalho de voluntariado.