"Acordamos com o barulho das explosões e tiros de artilharia pesada", declarou à AFP um morador de Omdurman, cidade vizinha a Cartum.
Outras testemunhas relataram fortes explosões durante a madrugada na capital, onde os cinco milhões de habitantes sobrevivem entrincheirados em suas casas desde o início dos combates em 15 de abril.
Moradores de Obeid, 350 km ao oeste de Cartum, também informaram sobre combates e explosões.
O exército do general Abdel Fatah al Burhan e as paramilitares Forças de Apoio Rápido (FAR), do general Mohamed Hamdan Daglo, enviaram representantes no sábado a Jidá (Arábia Saudita) para negociações "técnicas" sobre a abertura de corredores humanitários.
Mas até o momento não foi registrado nenhum avanço.
O secretário para Assuntos Humanitários da ONU, Martin Griffiths, desembarcou em Jidá no domingo, mas já deixou a cidade.
A ONU propôs às duas partes um compromisso para "garantir a entrada de ajuda humanitária".
Os combates deixaram quase 750 mortos e pelo menos 5.000 feridos, além de 700.000 deslocados internos.
Quase 150.000 pessoas fugiram para países vizinhos, de acordo com os dados compilados pelo Alto Comissariado das Nações Unidas para os Refugiados (ACNUR).
As pessoas que permanecem em Cartum sobrevivem trancadas em suas casas devido ao temor das balas perdidas, sem água nem energia elétrica em muitos casos e com pequenas reservas de alimentos e dinheiro.
Antes de entrar em conflito aberto, os generais Al Burhan e Daglo estabeleceram uma aliança no golpe de Estado para expulsar os civis do poder em outubro de 2021.
Dois anos antes, sob pressão dos protestos nas ruas, o exército derrubou o ditador Omar al Bashir, que estava no poder há três décadas.
CARTUM