A explosão da violência, a mais significativa entre Gaza e Israel desde agosto de 2022, começou na terça-feira com ataques israelenses contra o movimento Jihad Islâmica, considerado "terrorista" por Israel, UE e Estados Unidos.
Nesta quinta-feira, um homem morreu em Rehovot, ao sul de Tel Aviv, e várias pessoas ficaram feridas depois que um foguete caiu em um prédio residencial, segundo a polícia e os serviços de emergência.
Em Gaza, controlada pelo movimento islâmico Hamas, o Ministério da Saúde relatou 28 mortos desde terça, entre eles crianças, e mais de 80 feridos.
Também morreram combatentes da Jihad Islâmica e da Frente Popular para a Libertação da Palestina (FPLP), informaram os dois grupos armados.
Jornalistas da AFP testemunharam numerosos ataques israelenses contra Gaza e lançamentos de foguetes contra o território israelense ao longo do dia.
Nas localidades adjacentes à Faixa de Gaza, as sirenes de alerta soavam em intervalos regulares.
De acordo com os últimos números do exército, 547 foguetes foram lançados de Gaza em direção ao solo israelense desde o início dos disparos, e 175 foram interceptados pelo sistema antiaéreo.
Nesta quinta, o exército israelense declarou ter atacado 166 alvos em toda a Faixa de Gaza, incluindo locais de lançamento de foguetes pertencentes ao grupo armado, e disse ter eliminado dois de seus comandantes.
- Situação "muito perigosa" -
No hospital Al Shifa, em Gaza, Suhail Al Masri, de 32 anos, veio ver seu filho ferido em um ataque. "Se não fosse por isso, não teria saído de casa, porque a situação é muito perigosa", comentou à AFP.
"Israel está bombardeando de todos os lados e os lançamentos de foguetes da resistência não cessaram", acrescentou.
Por sua vez, a Jihad Islâmica afirmou que "os assassinatos israelenses não ficarão impunes" e que "todas as opções estão sobre a mesa", enquanto o Hamas destacou que a "resistência está unificada".
O Irã, que apoia a Jihad Islâmica, denunciou as "atrocidades dos sionistas", prometendo a "derrota" do "regime de ocupação", segundo o porta-voz do Ministério das Relações Exteriores, Naser Kanani.
"Esta manhã, eliminamos o responsável pelos ataques com foguetes da Jihad Islâmica em Gaza, e há uma hora eliminamos o seu adjunto", disse o primeiro-ministro Benjamin Netanyahu, referindo-se a Ali Ghali e Ahmed Abu Daqqa, líderes da organização palestina.
"Já disse antes: quem nos atacar arrisca sua vida e quem o substituir arrisca sua vida", disse ele durante uma visita a uma base militar.
A Faixa de Gaza, um pequeno território devastado pela pobreza e pelo desemprego, onde 2,3 milhões de palestinos vivem sob o bloqueio israelense, tem sido palco de várias guerras com Israel desde 2008.
- Tentativas de mediação -
O Egito, mediador habitual entre Israel e os grupos armados de Gaza, está tentando negociar um cessar-fogo.
Mohammed al Hindi, secretário do departamento político da Jihad Islâmica, viajou para o Cairo nesta quinta, indicou à AFP uma fonte da organização palestina sob anonimato.
"Preocupado" com os disparos palestinos, o embaixador dos EUA em Israel, Tom Nides, disse no Twitter que está "trabalhando em uma rápida desescalada".
A União Europeia, por sua vez, pediu um cessar-fogo imediato "que ponha fim às operações militares israelenses em Gaza e aos ataques com foguetes contra Israel, que são inaceitáveis", afirmou o chefe de diplomacia, Josep Borrell.
Na cidade israelense de Ashkelon, a 20 km do norte da Faixa de Gaza, os estabelecimentos comerciais abriram nesta quinta-feira e os moradores retomaram as tarefas diárias.
"Não é a primeira vez que (foguetes) atingem minha casa, mas não temos medo", declarou à AFP Miriam Keren, 78 anos. "No começo ficamos em estado de choque, mas não temos medo, é apenas muito desagradável."
Em agosto de 2022, três dias de confrontos entre Israel e a Jihad Islâmica terminaram com 49 palestinos mortos, incluindo 19 crianças, de acordo com a ONU. Mais de mil foguetes foram lançados de Gaza contra Israel e três pessoas ficaram feridas.