López Obrador fez este pedido dois dias depois de uma videochamada com seu contraparte americano, Joe Biden, para tratar do fluxo sem precedentes de migrantes na fronteira entre o México e os Estados Unidos.
Washington "deve buscar ajustes na Venezuela, em Cuba, em todos os países. Como será possível manter a harmonia, a paz, a tranquilidade, se têm diferenças, se há confronto?", perguntou o presidente mexicano, referindo-se ao enfrentamento diplomático que a Casa Branca mantém com os governos de Caracas e Havana.
Os Estados Unidos impõem desde 1962 um embargo contra Cuba, mergulhada em sua pior crise econômica em três décadas, com escassez de comida, medicamentos e combustível, e aplica duras sanções contra a Venezuela. Washington alega que os dois países são governados por ditaduras.
A crise migratória abre um novo capítulo com o fim, à meia-noite desta quinta, do Título 42, norma adotada pelos dois últimos governos americanos para evitar a propagação da covid-19, mas que na prática serviu para expulsar para o México quase todos os migrantes que chegavam ao país sem documentos.
O presidente mexicano disse ter reiterado a Biden a necessidade de atender as causas da migração na América Latina e no Caribe, onde disse que "há muita pobreza, muito abandono".
A maioria dos migrantes que cruzava o México até dois anos atrás era de centro-americanos, mas tem aumentado o fluxo de venezuelanos devido à profunda crise econômica e política que atinge seu país.
López Obrador disse, ainda, que seu governo colabora com os Estados Unidos "para que não haja caos e muito menos violência na fronteira" com a expiração do Título 42. Com o fim desta medida, entrará em vigor o Título 8, que prevê deportações e a recusa de asilo aos infratores, que serão impedidos de entrar no país por cinco anos e poderão ser submetidos a processos criminais.