O secretário de Segurança Interna dos Estados Unidos, Alejandro Mayorkas, alertou que migrantes que entrarem no país sem visto ou documentação necessária a partir da meia-noite desta quinta-feira (11) serão expulsos, quando expira a norma conhecida como 'Título 42', adotada devido à pandemia.
Apesar da suspensão dessa medida, que facilitava a expulsão de migrantes, solicitar asilo pode continuar sendo tão difícil quanto antes para muitos deles, começando nesta sexta-feira (12).
Apesar da suspensão dessa medida, que facilitava a expulsão de migrantes, solicitar asilo pode continuar sendo tão difícil quanto antes para muitos deles, começando nesta sexta-feira (12).
O governo norte-americano suspendeu a política do Título 42, que tinha como objetivo supostamente prevenir a propagação da COVID-19, mas que na prática bloqueava a possibilidade de solicitação de asilo. A norma chega ao fim após disputas nos tribunais, onde os republicanos acusaram o presidente democrata Joe Biden de negligência com a imigração e tentaram mantê-la em vigor.
Mayorkas esclareceu, durante uma coletiva de imprensa, que 'nossas fronteiras não estão abertas' e destacou que pessoas nesta situação não só serão expulsas, mas também não poderão retornar ao país por cinco anos e poderão ser processadas, conforme previsto pelo 'Título 8', que continuará ativo como antes da pandemia.
Esperança frustrada
Centenas de imigrantes cruzaram o Rio Bravo, a partir do México, sob o sol intenso do deserto, motivados por rumores de que os Estados Unidos permitiriam a entrada no país. No entanto, essa esperança foi frustrada quando perceberam que foram vítimas de desinformação.
Boatos espalhados boca a boca e pelas redes sociais afirmavam que o governo americano havia aberto o 'portão 40' do muro que divide os dois países para processar solicitações de asilo. Essa porta, contudo, nunca foi aberta. A AFP encontrou dezenas de mensagens similares nas redes sociais.
Em solo americano, cerca de mil pessoas da Venezuela, Haiti, Equador e Turquia montaram acampamentos improvisados com pedaços de madeira e cobertores, aguardando durante dias para 'se entregar' e tentar cruzar a fronteira antes da meia-noite desta quinta-feira.
Grupos anti-imigração
Neste ano, milhares de imigrantes se mobilizaram cinco vezes mais na fronteira, impulsionados pela desinformação, que segundo especialistas estaria sendo disseminada por grupos anti-imigração e até traficantes de pessoas.
O aplicativo CBP One, habilitado pelo Escritório de Alfândega e Proteção de Fronteiras (CBP) dos EUA, será fundamental para os trâmites de asilo a partir desta sexta-feira (11). No entanto, a tecnologia parece desconectada da realidade dramática da fronteira, onde celular, Wi-Fi e eletricidade são considerados luxos.
Diante das falhas do CBP One, cujo funcionamento é criticado, foram criados grupos no Facebook e WhatsApp onde migrantes compartilham experiências sobre o aplicativo e também disseminam informações falsas.
"Organizações criminosas"
Landon Hutchens, funcionário da imigração em El Paso, Texas, afirma que 'organizações criminosas impulsionam' a desinformação. A AFP identificou contas do TikTok nas quais supostos traficantes de pessoas e 'assessores migratórios' oferecem serviços e distorcem informações. Os próprios migrantes compartilham esses contatos no Facebook.
A desinformação também é uma estratégia de comunicação utilizada pelo tráfico de imigrantes, explica Olivier Tenes, da Organização Internacional para as Migrações (OIM). A AFP coletou depoimentos que confirmam fraudes envolvendo supostas audiências no CBP One.
Segundo Sam Wooley, pesquisador de persuasão e redes sociais da Universidade do Texas, informações falsas são disseminadas por 'grupos extremistas buscando gerar caos e uma narrativa anti-imigração'.
Enrique Valenzuela, responsável pela atenção aos imigrantes do governo de Chihuahua (Norte), afirma que essas pessoas são suscetíveis à desinformação porque 'ficam com a parte que lhes gera esperança'.
Enrique Valenzuela, responsável pela atenção aos imigrantes do governo de Chihuahua (Norte), afirma que essas pessoas são suscetíveis à desinformação porque 'ficam com a parte que lhes gera esperança'.