"Sinto-me muito honrada de ter sido eleita próxima diretora-geral da (OIM)", expressou Pope em um tuíte, minutos depois de saber de sua vitória.
Pope enfrentou um ex-ministro do governo português que buscava um segundo mandato. Entretanto, Vitorino retirou a candidatura após o primeiro turno de votação secreta, em que foi amplamente derrotado por sua rival.
Pope, que se tornará a primeira mulher a dirigir essa organização, assumirá suas funções em 1º de outubro, apontou o organismo em um comunicado.
Depois de uma dura campanha que colocou em lados opostos os Estados Unidos e seus aliados da União Europeia (UE), os 175 membros da OIM votaram, nesta segunda-feira, para eleger o diretor para os próximos cinco anos.
Vitorino obteve 67 votos na primeira votação e a americana, atual diretora adjunta de Gestão e Reforma da OIM, conseguiu 98, 12 a menos dos 110 necessários para atingir a maioria de dois terços.
O português decidiu se retirar das eleições, ao invés de deixar que houvesse um segundo turno.
"Estou pronta para trabalhar com todos os estados membros e parceiros globais para implementar as oportunidades oferecidas para uma imigração eficaz, ordenada e humana", acrescentou em seu tuíte.
Nos últimos anos, a questão migratória tomou cada vez mais relevância nos debates políticos de muitos países, e com ela a importância do cargo diretivo da OIM, principal ator internacional neste assunto.
Essas eleições aconteceram em um contexto crítico de aumento do número de migrantes no mundo, 281 milhões, segundo uma estimativa de 2020.
A campanha por esse posto causou uma divisão entre Washington, cujos candidatos dirigiram tradicionalmente a agência, e seus aliados europeus. Tensões que Pope, agora, terá que aliviar.
- Rivalidade incomum -
Habitualmente, os chefes das agências da ONU que desejam um segundo mandato são reeleitos sem oposição.
O anúncio da candidatura de Pope "causou um pouco de comoção", admitiu uma diplomata da UE sob anonimato em Genebra.
"Todos os meus antecessores por 70 anos tiveram dois mandatos, não vejo por que um primeiro mandato bem-sucedido não seria seguido por outro", declarou em março Vitorino, de 66 anos, o segundo diretor da OIM não americano da história e eleito em 2018.
Vittorino, eleito em 2018, foi elogiado por liderar de forma eficaz essa crescente organização e contou com forte apoio dos países da UE nessa candidatura à reeleição.
- Apoio de Biden -
Mas Pope, de 49 anos, parece ter convencido alguns países com sua nova visão, ao insistir na necessidade de levar a OIM "ao século XXI".
"Ainda estamos presos às velhas formas de encarar a migração", disse ela à AFP em março.
A futura diretora focou sua campanha nos impactos da mudança climática sobre a imigração, "um dos desafios mais importantes para nossa geração".
Pope dedicou a maior parte de sua carreira às questões migratórias, trabalhando, inclusive, no governo de Barack Obama.
O atual presidente Joe Biden a defendeu nos últimos dias, uma pressão para reafirmar o tradicional controle de Washington sobre o cargo de diretor da OIM, segundo os observadores.
A OIM, que foi incorporada à ONU há apenas sete anos, foi fundada em 1951 para gerir a crise dos deslocados na Europa, após a Segunda Guerra Mundial.