"O anúncio encerra a subordinação obrigatória ao preço de paridade de importação tendo em vista a melhor alternativa acessível aos clientes", explicou a empresa em um comunicado.
Pouco depois, a Petrobras anunciou, em outra nota, a redução, a partir de quarta-feira, de 0,44 centavos no litro de diesel, que passará a custar 3,02 reais, e também de 0,40 centavos no litro de gasolina, que custará 2,78 reais, no preço médio para as distribuidoras.
A estatal também disponibilizou um desconto no litro de gás GLP (de cozinha), quando o frio começa em várias regiões do país. Assim, o botijão de 13 kg custará um preço médio ao consumidor final de 99,87 reais, segundo o Ministério de Minas e Energia.
Em sua campanha presidencial em 2022, Lula prometeu "abrasileirar" os preços da Petrobras, dependentes de uma política que, segundo ele, agradava aos acionistas em detrimento dos brasileiros.
Este mecanismo, implementado desde 2016, consistia em manter a paridade de preços do petróleo e combustíveis derivados com o mercado internacional e a evolução do dólar.
Em janeiro, após tomar posse, Lula designou o ex-senador Jean Paul Prates, homem de sua confiança, como novo presidente da companhia, com a aprovação da direção. Então, a mudança começou.
O ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira, afirmou, em coletiva de imprensa em Brasília nesta terça-feira, que a nova política vai tornar os preços mais atrativos para o consumidor e diminuir o impacto na inflação.
- Otimismo inesperado -
"Com essa estratégia comercial, a Petrobras vai ser mais eficiente e competitiva", indicou Jean Paul Prates.
"Vamos continuar seguindo as referências de mercado, sem abdicar das vantagens competitivas" da empresa, afirmou.
Ao contrário do esperado por investidores opositores à intervenção do Estado, as ações ordinárias (PETR3) da companhia subiam 3,12% às 15h30 na Bolsa de São Paulo.
O otimismo deve-se ao temor do mercado de que Lula poderia acabar radicalmente com a política de preços vigente, disse Israel Rodrigues, analista do setor de petróleo da Genial Investimentos.
"O mercado estava esperando uma intervenção mais direta, algo muito pior", informou.
O especialista destaca que a Petrobras deu a entender que, ainda que não seja a única variável, haverá uma preocupação sobre os preços internacionais do petróleo, que atualmente rondam os setenta dólares o barril (cerca de 343 reais na cotação atual).
Em coletiva de imprensa após se reunir com o ministro de Minas e Energia, Prates afirmou que não há qualquer intervenção e que a lucratividade e competitividade da companhia estão garantidas.
Em seu comunicado, a companhia disse que "os reajustes continuarão sendo feitos sem periodicidade definida, evitando o repasse para os preços internos da volatilidade conjuntural das cotações internacionais e da taxa de câmbio".
Para a analista Bruna Sene, da Nova Futura Investimentos, isso reflete o objetivo da Petrobras de "não ter um fluxo tão volátil de reajustes a longo do ano".
Porém, também "estarão monitorando eventuais defasagens", afirmou.
- Lucros no alvo -
Em 2022, a petroleira obteve um lucro recorde de pelo menos 36 bilhões de dólares (cerca de 176 bilhões de reais na cotação atual), beneficiada pelo aumento global dos preços de petróleo.
Apesar da nova estratégia de preços, os analistas indicam que a Petrobras não deixará de atender sua meta de rentabilidade.
Durante o governo de Jair Bolsonaro, as altas constantes devido a fatores como a guerra na Ucrânia, converteram a petroleira em alvo de críticas.
Bolsonaro, que mudou três vezes o presidente da Petrobras, chegou a dizer que os lucros da companhia eram fruto de um "estupro".
Na última quinta-feira, a Petrobras registrou lucro de 7,34 bilhões de dólares no primeiro trimestre (cerca de 36 bilhões de reais na cotação atual), uma queda de 14,7% em relação ao mesmo período do ano passado.
PETROBRAS - PETROLEO BRASILEIRO