O primeiro-ministro japonês, Fumio Kishida, recebe os chefes de governo das outras seis economias mais industrializadas do mundo (Alemanha, Canadá, Estados Unidos, França, Itália e Reino Unido) em Hiroshima, cidade símbolo da destruição nuclear.
O presidente Lula, convidado ao evento pelo Japão, chegou a Hiroshima na madrugada de sexta (tarde de quinta-feira em Brasília).
Durante a reunião de cúpula, que começa na sexta, os governantes tentarão estabelecer uma frente unida diante de Rússia e China. Também abordarão outras questões urgentes, mas que não geram consenso no grupo.
A reunião contará com a presença de representantes da União Europeia (UE). Além de Lula, o Japão também convidou os governantes de Índia e Indonésia, entre outros países, para tentar uma aproximação do G7 com os países em desenvolvimento nos quais a China faz grandes investimentos.
O Brasil retorna a um encontro do G7 depois de 14 anos. A última vez havia sido com o próprio petista, em 2009.
De acordo com agenda divulgada pelo Palácio do Planalto, Lula terá três sessões de trabalho com os líderes dos países presentes na cúpula e também manterá um agenda intensa de encontros bilaterais nos três dias do evento com o presidente francês, Emmanuel Macron, o chanceler alemão, Olaf Scholz, e o premiê japonês.
À margem da cúpula, Lula também se reunirá com empresários e banqueiros japoneses. Está prevista, ainda, uma coletiva de imprensa na segunda-feira (noite de domingo em Brasília), antes de seu retorno ao Brasil.
- 'Responsabilizar a Rússia' -
O presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, desembarcou em uma base americana próxima de Hiroshima. Ele é o segundo presidente do país, depois de Barack Obama, a visitar a cidade que foi destruída por uma bomba atômica lançada pelos americanos em 1945.
A invasão russa da Ucrânia é um tema prioritário da reunião, no momento em que Kiev enfrenta bombardeios com mísseis e após meses de combates violentos em Bakhmut, leste do país, e em outras cidades da frente de batalha.
"Nós defendemos valores compartilhados, incluindo o apoio ao povo da Ucrânia que defende seu território soberano e responsabilizar a Rússia por sua agressão brutal", disse Biden durante uma reunião com Kishida.
Os Estados Unidos e seus aliados enviaram armas à Ucrânia para fortalecer a defesa do país, mas a aguardada contraofensiva das tropas de Kiev não foi concretizada até o momento.
O presidente ucraniano, Volodimir Zelensky, deve discursar durante a reunião por videoconferência.
O conselheiro de Segurança Nacional da Casa Branca, Jake Sullivan, destacou que os participantes pretendem reforçar a bateria de sanções contra Moscou, que de acordo com os números oficiais provocaram uma contração de 1,9% na economia russa no primeiro trimestre.
Um alto funcionário americano presente em Hiroshima disse à imprensa, sob a condição do anonimato, que os Estados Unidos anunciaram novas sanções contra a "máquina de guerra" russa para aumentar a pressão sobre Moscou.
Segundo a fonte, todos os membros do G7 preparam sanções, incluindo um pacote "substancial" dos EUA, que "tornará ainda mais difícil para a Rússia sustentar sua máquina de guerra".
Mais cedo, o chefe de Governo da Alemanha, Olaf Scholz, disse à imprensa que a questão é evitar que as sanções sejam contornadas. "Acredito que esta questão será muito bem resolvida e de forma bastante pragmática", afirmou.
Uma fonte da UE informou que também será debatido um bloqueio às exportações de diamantes russos, um comércio que alcançou 5 bilhões de dólares (quase 25 bilhões de reais) em 2021.
- Sombra Nuclear -
As reiteradas ameaças do presidente da Rússia, Vladimir Putin, de usar armas nucleares foram condenadas pelos líderes do G7 e minimizadas por alguns analistas, que consideram o discurso uma tentativa de minar o apoio internacional à Ucrânia.
A visita dos líderes ao Parque Memorial da Paz de Hiroshima na sexta-feira destacará o tema: o local é uma recordação do ataque com uma bomba nuclear de 1945, que destruiu a cidade e matou quase 140.000 pessoas.
Kishida quer aproveitar a reunião para obter um compromisso dos participantes sobre a transparência dos arsenais nucleares e para defender a redução dos mesmos.
As expectativas de êxito no tema são pequenas, em um momento de tensão com potências nucleares como Rússia, Coreia do Norte e China.
- 'Coerção econômica' -
Os debates sobre a China abordarão os esforços para proteger as economias do G7 de uma possível chantagem econômica, por meio de uma diversificação das redes de suprimentos e dos mercados.
Nas disputas com países como Austrália e Canadá, o presidente chinês, Xi Jinping, se mostrou disposto a bloquear ou desacelerar o comércio e a estabelecer a cobrança de tarifas sem anúncio prévio e sem apresentar explicações.
Jake Sullivan destacou que os líderes do G7 pretendem condenar a "coerção econômica" e trabalhar para solucionar as divergências sobre a maneira de lidar com a China.
O governo dos Estados Unidos adotou uma postura agressiva ao bloquear o acesso da China aos semicondutores mais avançados.
Mas os países europeus, em particular Alemanha e França, querem assegurar que as medidas não impliquem o rompimento dos vínculos com a China, um dos maiores mercados do mundo.