Um vídeo que exibe uma pessoa no solo, cercada por oficiais que a agridem com porretes e utilizam spray de pimenta enquanto tentam contê-la, viralizou na Itália nesta quarta-feira (24), gerando críticas pela violência dos policiais. A vítima é uma mulher transgênero com nacionalidade brasileira, segundo informações da Prefeitura de Milão, onde o incidente foi registrado. A gravação amadora foi feita de uma janela na zona sul da cidade.
A brasileira, sentada no chão de um estacionamento de motos, é vista cercada por quatro oficiais que se alternam na tentativa de algemá-la, agredindo-a com golpes de cassetete na cabeça, ombro e abdômen. A prefeitura confirmou à Folha que se trata de uma brasileira detida pela polícia e posteriormente solta, após registro de ocorrência por resistência, sem revelar seu nome. Na delegacia, ela teria recusado atendimento médico e, até o momento, não denunciou os agentes, mesmo com a opção disponível.
Segundo a agência Ansa, a vítima tem 41 anos e antecedentes criminais. A polícia municipal e o Ministério Público iniciaram investigações sobre o caso nesta tarde, devido à grande repercussão nas redes sociais e na mídia italiana. O prefeito de Milão, Beppe Sala, classificou o incidente como 'grave' e afastou os agentes envolvidos de serviços externos.
Daniele Vincini, representante do sindicato dos policiais, relatou ao jornal La Repubblica que os oficiais foram chamados para intervir perto de uma escola, onde a brasileira estaria seminua e gritando ser portadora do vírus HIV. Ela teria sido levada na viatura, mas conseguiu escapar. O vídeo em questão teria sido registrado após essa fuga, enquanto os policiais tentavam imobilizá-la novamente.
A senadora Ilaria Cucchi (Aliança Verde Esquerda), cujo irmão foi morto em Roma por violência policial em 2009, afirmou que acompanhará o caso. 'Pretendo ir até o fim dessa história, até que tudo seja esclarecido. As imagens são gravíssimas e ninguém pode ficar indiferente', declarou. Pierfrancesco Majorino, parlamentar do Partido Democrático na região Lombardia, reforçou as declarações de Cucchi, considerando as imagens 'repugnantes', independentemente do contexto e do que aconteceu antes da gravação.
Fabrizio Marrazzo, porta-voz da associação Partito Gay, que defende direitos LGBTQIA+, solicitou no Twitter uma verificação imediata dos fatos pelo ministro Piantedosi e pelo prefeito Sala, classificando o ataque da polícia municipal a uma mulher trans em Milão como 'alarmante'.