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Estado de Minas ISTAMBUL

O pânico da comunidade LGBTQIA+ na Turquia após a vitória de Erdogan


29/05/2023 12:45
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Durante toda campanha eleitoral, ele os insultou, os utilizou para atacar a oposição e os acusou de destruir os valores familiares. A reeleição do presidente islâmico conservador Recep Tayyip Edogan, na Turquia, causa pavor na comunidade LGBTQIA+, que teme inclusive pela sua vida.

"Tenho realmente medo. Antes, já não podia respirar e agora vão tentar me estrangular", disse, no sábado, Ilker Erdogan, um estudante de 20 anos entrevistado pela AFP na véspera das eleições, no bairro de Kadiköy, em Istambul.

Em seu primeiro discurso após a vitória na noite de domingo, Erdogan pergutou aos seus seguidores: O CHP (partido laico de seu rival perdedor Kemal Kiliçdaroglu é LGBT? O HDP (pró-curdo) é LGBT?". E a multidão gritou: "Sim!".

E logo depois, disse: "O AKP (seu partido) é LGBT?". - "Não", respondeu o público.

Ilker Erdogan explica que desde muito pequeno já vem sentido esse medo.

"Quando nasci, o AKP já estava no poder. Desde que nasci, sinto a discriminação, a homofobia e o ódio. Os funcionários, os professores, os diretores, os trabalhadores da escola me fizeram sentir esse ódio", recorda.

"Sempre me disseram que havia algo que não funcionava em mim, que eu era um marginalizado, e me fizeram acreditar que isso era de verdade", prossegue.

Ao longo da campanha eleitoral, o chefe de Estado nunca deixou de atacar essa comunidade, inclusive dizendo que "nenhum LGBT pode ser o produto desta nação".

- "Atos de ódio" -

Seu ministro do Interior, Süleyman Soylu, denunciou a "religião" LGBTQIA+, segundo ele, importada dos "Estados Unidos e Europa".

"Quando falam de LGBTQ, isso inclui o casamento entre animais e humanos", disse em uma ocasião.

Ultimamente, tem aumentado os episódios de ódio contra essa comunidade.

"Sofri mais discursos e atos de ódio dos que já havia recebido durante muito tempo. Jogaram café em mim de um carro e me gritaram na rua", conta Ameda Murat Karaguzu, responsável pelo projeto em uma associação para os direitos da comunidade LGBTQIA+.

"A polícia me prende, e não os meus amigos heterossexuais, checa meu documento de identidade... O discurso de ódio gerado pelo governo sustenta cada uma dessas situações", disse essa mulher de 26 anos.

Em sua opinião, esse "discurso de ódio" do presidente Erdogan "incita as pessoas homofóbicas, transfóbicas e hostis aos LGBTQIA+ na rua, porque sabem que não enfrentarão nenhuma consequência se nos matarem ou nos ferirem".

Tugba Bayka, diretora de documentários e ativista LGBTQIA+ de 39 anos, decidiu deixar seu país.

"A gente é tratado como criminosos pelo simples fato de existir", conta, segura de que os pedidos de vistos para emigrar vão aumentar.

Ela tentará ir para os Estados Unidos: "uma decisão que teria sido muito mais difícil de tomar, se nosso país fosse mais hospitaleiro."


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