Membros da Força Internacional para Kosovo (KFOR), liderada pela Otan, montaram uma barricada ao redor da prefeitura para bloquear o acesso, informou uma jornalista da AFP.
Três veículos blindados da polícia kosovar foram estacionados em frente à sede da prefeitura. A presença dessa força gera indignação entre os sérvios, que são maioria em quatro cidades do norte do Kosovo.
Os sérvios, que representam 6% da população do Kosovo, boicotaram as eleições municipais de abril nas quatro cidades para as quais foram eleitos prefeitos albaneses, mas com uma participação inferior a 3,5%.
Esses prefeitos, considerados ilegítimos pelos manifestantes, tomaram posse na semana passada.
A tensão aumentou na segunda-feira, depois que os sérvios tentaram entrar à força no prédio da prefeitura de Zvecan. A polícia do Kosovo usou gás lacrimogêneo para repelir a multidão.
Em um primeiro momento, as forças internacionais da KFOR tentaram separar os manifestantes da polícia, mas depois dispersaram a multidão usando seus escudos e cassetetes.
Os manifestantes então responderam jogando pedras, garrafas e coquetéis molotov nos soldados. Mais de 50 manifestantes ficaram feridos, de acordo com o presidente sérvio, Aleksandar Vucic.
O chefe da diplomacia da União Europeia (UE), Josep Borrell, pediu nesta terça-feira a sérvios e kosovares que "diminuam as tensões imediata e sem condições".
Borrell pediu às autoridades do Kosovo que suspendam as operações policiais ao redor dos prédios municipais e pediu aos sérvios que interrompam as manifestações.
A França condenou a violência e pediu a "todas as partes, em particular o governo do Kosovo, que adotem medidas imediatas para reduzir as tensões".
A Rússia pediu ao Ocidente que acabe com a "propaganda enganosa sobre o Kosovo".
"Pedimos ao Ocidente que pare com sua propaganda enganosa e pare de atribuir a responsabilidade pelos incidentes no Kosovo a sérvios desesperados", disse o Ministério russo das Relações Exteriores.
- "Ataques não provocados" -
As forças da KFOR disseram que seus soldados responderam "a ataques não provocados por uma multidão violenta e perigosa" e cumpriram seu mandato de forma imparcial.
"Para evitar confrontos entre as partes e minimizar o risco de escalada, a força de manutenção da paz KFOR evitou riscos para a vida dos sérvios kosovares e albaneses kosovares", informou a KFOR.
Além disso, o contingente pediu que "ambas as partes assumam total responsabilidade pelo que aconteceu e evitem uma nova escalada, em vez de se esconderem atrás de narrativas falsas".
A polícia do Kosovo descreveu a situação no norte como "frágil, mas calma" e pediu aos cidadãos "que não cedam aos apelos de protestos violentos e provocações".
"A situação de segurança no norte do país aumentou e se deteriorou a ponto de colocar em risco a vida das pessoas", acrescentou a polícia.
Belgrado nunca reconheceu a independência do Kosovo, proclamada em 2008 por esta ex-província sérvia. Quase 120.000 sérvios vivem no Kosovo, que tem 1,8 milhão de habitantes, de maioria albanesa.
O presidente sérvio informou que se reuniu em Belgrado com embaixadores do grupo conhecido como Quinteto - cinco potências da Otan que acompanham de perto a situação nos Bálcãs Ocidentais. Também anunciou que se reunirá com representantes da Rússia e da China.
"Os avanços unilaterais de Pristina geram violência contra a comunidade sérvia, o que nos afasta da paz duradoura e de uma estabilidade na região", escreveu Vucic no Instagram, após se reunir com diplomatas ocidentais.
"A saída destes falsos prefeitos e dos membros daquilo que Pristina qualifica como forças especiais são condições para a preservação da paz no Kosovo", acrescentou.
A Otan condenou o ataque contra as tropas da KFOR e afirmou que este tipo de ação é "totalmente inaceitável".
Na segunda-feira, o tenista sérvio Novak Djokovic provocou polêmica depois de escrever "Kosovo é o coração da Sérvia. Pare a violência" em uma câmera durante o torneio de Roland Garros, que é disputado na França.