Robert Bowers, de 50 anos, é acusado de abrir fogo dentro da sinagoga Tree of Life em Pittsburgh, Pensilvânia, em 27 de outubro de 2018, e pode ser condenado à pena de morte.
"Todos os judeus devem morrer", gritou ele durante esse ataque que elevou o temor de uma onda de antissemitismo e neonazismo nos Estados Unidos.
O massacre ocorreu em plena celebração do sabá, o dia sagrado de descanso para os judeus.
Bowers, um ex-caminhoneiro, estava armado com um fuzil semiautomático de assalto AR-15 e três pistolas Glock, segundo a Promotoria.
Segundo um promotor federal citado pela imprensa americana, o acusado rastreou "metodicamente" suas vítimas e atirou em muitas delas várias vezes e à queima-roupa.
"Assim que entrou na sinagoga, começou a caçar. Movia-se de um recinto a outro, em cima e embaixo, procurando fiéis judeus aos quais matar", disse o promotor Soo Song, segundo a CNN.
Preso no local, foi indiciado com 63 acusações, entre elas crime de ódio com resultado de assassinato e tentativa de assassinato.
Membros de três congregações foram assassinados, enquanto dois fiéis e diversos policiais ficaram feridos.
Antes do ataque, Bowers havia feito fortes manifestações antissemitas na internet.
O então presidente Donald Trump defendeu que ele fosse condenado à morte e a Promotoria pediu essa pena em 2019.
A defesa de Bowers alega que ele sofre de esquizofrenia e pediu, sem sucesso, que a Promotoria trocasse o pedido de pena capital pela prisão perpétua.
- "Irracional" -
A advogada de defesa Judy Clarke disse, em suas alegações, que "não há desacordo" de que foi Bowers quem atirou na sinagoga.
No entanto, acrescentou que talvez não seja possível entender plenamente sua "intenção equivocada" de querer impedir que uma organização judaica ajude imigrantes a se estabelecerem nos Estados Unidos.
"Sua ideia impensável, insensata e irracional era que matando judeus, alcançaria seu objetivo", disse Clarke, segundo o jornal The Washington Post.
Os 12 membros do júri começaram a ouvir as alegações hoje e o julgamento provavelmente vai se estender até julho.
O processo teve início em meio a um número crescente de incidentes antissemitas nos Estados Unidos, segundo informações da Liga Antidifamação.
Em 2022, essa organização judaica baseada nos Estados Unidos registrou 3.697 atos de assédio, vandalismo e agressões; 36% mais que no ano anterior e a maior quantidade desde que os registros começaram, em 1979.
Seis meses depois desse ataque, um homem de 19 anos abriu fogo dentro de uma sinagoga em San Diego, Califórnia, deixando um morto e três feridos.
O suspeito havia publicado mensagens de ódio antes do ataque. Em 2021, ele foi condenado à prisão perpétua.
Cerca de seis milhões de judeus vivem nos Estados Unidos, segundo um estudo do centro de pesquisas Pew publicado em maio de 2021.
NOVA YORK