Os manifestantes se reuniram novamente diante da sede da prefeitura de Zvecan, protegida por um grande contingente de soldados da Força Internacional para Kosovo (KFOR), contingente liderado pela Otan.
Os soldados cercaram o prédio e reforçaram a segurança com um alambrado e uma barreira de metal.
Os manifestantes exibiram uma bandeira da Sérvia de mais de 200 metros de comprimento.
A situação nesta região, que é tensa há vários anos, piorou nas últimas semanas depois que a comunidade sérvia boicotou as eleições municipais de abril em quatro localidades do norte, onde representa a maioria da população.
Prefeitos albaneses foram eleitos no pleito, mas com um índice de participação menor a 3,5%.
Os governantes, considerados ilegítimos pelos manifestantes sérvios, tomaram posse na semana passada.
A tensão alcançou o ponto mais grave na segunda-feira, depois que os sérvios tentaram invadir a sede da prefeitura de Zvecan, mas foram impedidos pela polícia kosovar, que usou gás lacrimogêneo.
Depois dos incidentes que deixaram 30 soldados feridos, a Otan anunciou na terça-feira que vai reforçar seu contingente no Kosovo.
O governo da Sérvia informou que 52 pessoas ficaram feridas nos distúrbios, três delas em estado grave.
A Sérvia, apoiada por China e Rússia, nunca reconheceu a independência do Kosovo, proclamada em 2008.
Kosovo, que era uma província sérvia, declarou sua independência de Belgrado depois de uma guerra que terminou em 1999 com uma campanha de bombardeios da Otan, liderada pelos Estados Unidos.
Quase 120.000 sérvios vivem no Kosovo, que tem 1,8 milhão de habitantes, a maioria deles albaneses.
A Rússia pediu nesta quarta-feira "respeito aos direitos" dos sérvios do Kosovo.
"Consideramos que todos os direitos e interesses legítimos dos sérvios do Kosovo devem ser respeitados", declarou o porta-voz do Kremlin, Dmitri Peskov.
Ele também fez uma advertência contra "ações de provocação" que atentam contra os direitos dos sérvios e expressou a preocupação da Rússia com a questão do Kosovo.
A União Europeia (UE), que tem papel de mediação há uma década na região, pediu às duas partes que "reduzam a tensão de forma imediata" e sem condições.
O governo dos Estados Unidos, um aliado de Pristina, criticou o papel da administração do primeiro-ministro kosovar Albin Kurti na crise e vetou a participação do país em exercícios militares conjuntos.
O presidente da França, Emmanuel Macron, denunciou "a responsabilidade das autoridades kosovares" no agravamento da situação.
"Há uma responsabilidade das autoridades kosovares na atual situação e uma violação de um acordo que, no entanto, era importante e que havia sido estabelecido há apenas algumas semanas", disse Macron.