A situação nesta região é tensa há anos, mas as potências ocidentais culpam Pristina pelos últimos incidentes.
Na segunda-feira, após confrontos com manifestantes sérvios, a Otan decidiu enviar centenas de reforços para a zona para apoiar as tropas da Força Internacional para o Kosovo (KFOR), liderada pela Aliança Atlântica, na antiga província sérvia.
Nesta quarta-feira, os manifestantes se reuniram em frente ao município de Zvecan, guardado por um grande contingente da KFOR. Deixaram o local após algumas horas, segundo um correspondente da AFP.
Os soldados da KFOR cercaram o prédio e reforçaram a área com uma cerca de arame e uma barreira de metal.
Os manifestantes balançavam uma bandeira sérvia com mais de 200 metros de comprimento. Também carregavam uma faixa dedicada ao tenista sérvio Novak Djokovic, que escreveu em uma câmera após sua primeira partida em Roland-Garros: "Kosovo está no coração da Sérvia".
Segundo a televisão oficial sérvia RTS, os manifestantes voltarão a se reunir na quinta-feira.
- Tensões -
A Sérvia, apoiada pela China e pela Rússia, nunca reconheceu a independência do Kosovo, proclamada em 2008.
Kosovo, outrora uma província sérvia, declarou unilateralmente sua independência de Belgrado após uma guerra violenta que terminou em 1999 com uma campanha de bombardeios da Otan, liderados pelos Estados Unidos.
Cerca de 120.000 sérvios vivem no Kosovo, que tem uma população de 1,8 milhão de habitantes, a maioria deles albaneses.
A tensão na região aumentou gradualmente nas últimas semanas, depois que a comunidade sérvia boicotou as eleições municipais de abril em quatro cidades do norte, onde são maioria. Prefeitos albaneses foram eleitos, mas com uma participação inferior a 3,5%.
Esses prefeitos, considerados ilegítimos pelos manifestantes sérvios, tomaram posse na semana passada.
As tensões aumentaram na segunda-feira depois que os sérvios tentaram forçar a entrada no município de Zvecan, mas foram repelidos com gás lacrimogêneo pela polícia do Kosovo.
Nos incidentes, cerca de trinta soldados da força da Otan ficaram feridos.
A Sérvia informou, por sua vez, que 52 pessoas ficaram feridas nos distúrbios, três delas "em estado grave".
- Acusação dos ocidentais -
A União Europeia (UE), que tem papel de mediação há uma década na região, pediu às duas partes que "reduzam a tensão de forma imediata" e sem condições.
O governo dos Estados Unidos, um aliado de Pristina, criticou o papel da administração do primeiro-ministro kosovar, Albin Kurti, na crise e vetou a participação do país em exercícios militares conjuntos.
O presidente da França, Emmanuel Macron, denunciou "a responsabilidade das autoridades kosovares" no agravamento da situação.
"Há uma responsabilidade das autoridades kosovares na atual situação e uma violação de um acordo que, no entanto, era importante e que havia sido estabelecido há apenas algumas semanas", disse Macron.
Mas Kurti assegurou que Pristina "está trabalhando arduamente em busca de uma saída" e considerou que as reuniões patrocinadas pela UE devem ser realizadas com maior frequência.
"Precisamos de um diálogo mais intenso, não de reuniões de alto nível a cada dois meses", declarou.
A Rússia pediu nesta quarta-feira para que os "direitos" dos sérvios do Kosovo sejam "respeitados".
ZVECAN