Jornal Estado de Minas

BUENOS AIRES

Testemunhas rohingya depõem na Argentina sobre supostos crimes de guerra

Membros da minoria muçulmana rohingya de Mianmar prestaram depoimento em Buenos Aires, na quarta-feira (7), no âmbito de uma investigação da Justiça argentina sobre os supostos crimes de guerra do Exército desse país asiático - informou um de seus representantes.



"Este é um dia histórico para todos em Mianmar. As audiências presenciais finalmente aconteceram, e fortes evidências foram apresentadas ao tribunal", disse à AFP Maung Tun Khin, presidente da Organização dos Rohingya Birmaneses do Reino Unido, com sede em Londres.

O porta-voz não divulgou a identidade nem a quantidade de pessoas que depuseram presencialmente, pela primeira vez. Também não mencionou os fatos abordados na audiência por "motivos de segurança". As sessões podem durar vários dias.

A audiência, a portas fechadas, ocorre sob o princípio da "justiça universal", consagrado na Constituição argentina. Este princípio permite julgar crimes muito graves, independentemente da nacionalidade dos acusados ou do local onde ocorreram os fatos denunciados.

Em 2021, a Justiça argentina aceitou uma denúncia e abriu uma investigação sobre acusações de crimes dos militares birmaneses contra a minoria muçulmana.

Nesse mesmo ano, seis mulheres rohingya, refugiadas em Bangladesh, participaram de uma audiência virtual perante o tribunal argentino, na qual afirmaram terem sido vítimas de violência sexual e mencionaram a morte de familiares, devido à repressão.

"As audiências presenciais vão continuar, elas trazem elementos muito importantes para o caso", declarou Tun Khin, sem especificar como cada etapa processual do caso será desenvolvida.