"Os dois pequenos que estavam na situação mais crítica estão agora estabilizados, e os médicos estão otimistas", disse Macron, descrevendo um prognóstico que "vai na direção certa" para todos os feridos, depois de visitar alguns deles no hospital de Grenoble.
O ataque ocorrido às margens do turístico Lago Annecy, nos Alpes franceses, comoveu a França. Nesta sexta-feira, muitos cidadãos depositaram flores na área de recreação do parque, onde Abdalmasih H., de 31 anos, esfaqueou crianças em seus carrinhos na véspera.
"Atacar crianças é o ato mais bárbaro que se possa imaginar", acrescentou o chefe de Estado, que se deslocou com a esposa, Brigitte Macron, para Annecy, onde o ataque deixou seis feridos na quinta-feira, incluindo quatro crianças entre 1 e 3 anos.
Os quatro menores "foram operados e estão sob vigilância médica permanente", relatou a primeira-ministra, Élisabeth Borne, nesta manhã.
Os investigadores agora buscam determinar o que levou Abdalmasih H., um cidadão sírio que obteve asilo na Suécia em 2013 e teria chegado à França no final de 2022, a esfaquear seis pessoas perto do lago Annecy na manhã de quinta-feira.
Após ser submetido a um exame psiquiátrico, a Justiça prorrogou sua custódia policial por considerar que seu estado era "compatível" com a mesma. Se o exame médico tivesse concluído falta de discernimento, os médicos teriam se encarregado do detido.
Por enquanto, a Promotoria de Annecy descartou um ato com motivação terrorista e que o agressor, sem antecedentes criminais ou problemas psiquiátricos, tenha agido sob efeito de álcool, ou drogas.
Sua ex-esposa na Suécia, com quem tem uma filha de três anos, disse à AFP que ele deixou o país porque "não conseguiu obter a nacionalidade sueca". Em novembro de 2022, ele pediu asilo na França e este foi rejeitado dias antes do ataque, uma "coincidência perturbadora", segundo o ministro do Interior, Gérald Darmanin.
O agressor, que carregava uma cruz e gritou "em nome de Jesus Cristo" durante o ataque, sofria de uma "depressão profunda", segundo sua mãe, que mora nos Estados Unidos. A rejeição da nacionalidade, a princípio por ter estado no Exército sírio, "talvez o tenha deixado louco", acrescentou.
- Henri, 'herói da mochila' -
A precariedade do exílio "aumenta a vulnerabilidade psicológica", disse à AFP Andrea Tortelli, psiquiatra especialista em saúde mental de imigrantes, advertindo contra "confundir" migração e atos violentos, porque isso é algo "pouco comum".
"Muitos deles frequentemente sofreram violência ou viveram situações violentas, como conflitos", "experimentaram a imigração forçada com seus perigos" antes de "chegarem à Europa, onde enfrentam uma política migratória que os coloca em dificuldades psicológicas", explicou.
À espera de respostas, dezenas de cidadãos de Annecy, em prantos, chegam para depositar flores brancas, bichos de pelúcia, velas ou deixar mensagens de apoio em um pequeno memorial improvisado no local do atentado, onde as crianças voltaram a brincar horas depois do drama.
Leo Ganassali, um comerciante de 21 anos, foi com o irmão mais novo depositar um enorme buquê de flores após uma "noite difícil".
"Não estamos preparados" para acontecimentos como este, confessou o jovem, emocionado, nesta pacata cidade de cerca de 140 mil habitantes.
"Eu me vejo aqui, criança, brincando neste parque, e vê-lo de luto hoje é muito, muito complicado", acrescentou.
"Este parque é o meu parque, o nosso parque, o mais bonito de Annecy", disse uma senhora de 60 anos, que não quis revelar o seu nome, destacando a "emoção" palpável no ar.
Além da solidariedade para com as vítimas, as autoridades elogiaram os agentes que participaram de sua prisão e aqueles que, como Henri, um peregrino "amante das catedrais", de 24 anos, tentaram impedir o ataque sangrento.
"Era impossível deixar alguém que parecia um louco atacar seres indefesos (...). Você faz o que pode com o que tem e eu tinha uma pequena mochila na minha frente", disse o jovem à rede BFMTV, apelidado de "herói da mochila".
GRENOBLE