Jornal Estado de Minas

AMAZÔNIA COLOMBIANA

"Estão acabadas", diz avô das crianças resgatadas na selva colombiana

Depois de 40 dias de aflição e de medo, os avós das quatro crianças resgatadas na selva colombiana reencontraram os netos na manhã deste sábado (10/6), em um hospital militar de Bogotá. Cansado, depois de uma viagem de mais de cinco horas de Villavicencio, no departamento de Amazonas, até a capital colombiana, Bogotá, Fidencio Valencia, avô dos meninos, falou com exclusividade ao Correio, por telefone.





"Vocês falam do Brasil!", reagiu, surpreso. "Aqui, eu os encontrei. Em primeiro lugar, devo dar graças a Deus, porque estão com vida. Agora, eles estão em tratamento. Eu lhes dei alegria. Fiquei contente, vendo, emocionado, com os meninos e as meninas, que são tão guerreiras", afirmou Valencia. "As crianças ficaram caminhando pela selva. Mas nada lhes aconteceu. Não se encontraram com nenhum animal. Nada, nada", disse.

De acordo com o avô, os quatro netos estão "muito acabados". "Pouco a pouco vamos perguntando algumas coisinhas para eles, mas precisamos deixar que descansem. Estão assustados, por seus corpos e por todos os ruídos na selva. Quase nada falaram", comentou Valencia. "Agora, é esperar que isso tudo passe e vamos falando com eles pouco a pouco." O avô disse que o reencontro com os netos ocorreu por volta das 4h deste sábado (6h em Brasília). Ao ser perguntado como ficou o coração de avô ao vê-los vivos, ele respondeu: "Alegre, contente".

As quatro crianças - Lesly Jacobombaire Mucutuy, de 13 anos; Soleiny Jacobombaire Mucutuy, 9; Tien Noriel Ronoque Mucutuy, 4; e Cristin Neriman Ranoque Mucutuy, de 11 meses - estavam desaparecidas na selva desde 1º de maio, quando o avião em que viajavam caiu, a 175km da cidade de San José del Guaviare. A mãe dos meninos e o piloto morreram no acidente.




40 dias de angústia 

A confirmação do resgate das crianças foi feita pelo próprio presidente da Colômbia, Gustavo Petro, pelo Twitter. "Uma alegria para todo o país", escreveu. 

Em 1º de maio, poucos minutos depois de levantar voo, o avião que levava as crianças apresentou uma falha no motor e caiu em meio à selva amazônica. A mãe das crianças, o piloto do avião e o diretor da Fundação de Profissionais Indígenas Yetara morreram no momento da queda. As quatros crianças que sobreviveram, se afastaram do local do acidente e caminharam floresta adentro.

Desde o momento do acidente uma equipe de resgate foi montada. Cerca de 15 dias depois do início das buscas, o avião foi encontrado junto com os corpos do piloto, do líder indígena e da mãe das crianças. De acordo com o jornal colombiano El Nuevo Siglo, 100 militares, cães farejadores e 70 indígenas participaram das buscas.