"Acabei de olhar meus netos. Primeiro, eles estão vivos, estão muito acabadinhos, mas sei que estão em boas mãos", disse Fidencio Valencia, um indígena huitoto de 47 anos, a repórteres do lado de fora de um hospital militar na capital.
O ministro da Defesa, Iván Velásquez, afirmou que, embora estejam "impactados" e ainda não possam ingerir alimentos sólidos, eles estão em um "processo de recuperação". "De acordo com os relatórios médicos, eles estão fora de perigo", acrescentou.
Também contou que Tien Noriel completou cinco anos na floresta e Cristin, a mais nova, um ano, graças aos cuidados da irmã mais velha, de 13 anos: "Precisamos reconhecer não apenas a coragem de Lesly, mas também sua liderança. Foi por causa dela que os três irmãos puderam sobreviver. Com seus cuidados, com o conhecimento da selva", acrescentou.
Soleiny, de nove, assim como as outras crianças, está em "condições indígenas e militares. (...) Aqui se apresenta um caminho diferente para a Colômbia: acredito que este é o verdadeiro caminho para a paz", comemorou no Twitter.
Entre 15 e 16 de maio, os soldados encontraram a aeronave destruída com os adultos mortos. A partir de então, foi lançada uma espetacular operação de busca por céu e terra, na qual foram encontradas pistas de que pelo menos uma das crianças seguia viva: tesouras, mamadeira, frutas mordidas, abrigos improvisados com folhas.
Eram indícios de que os menores estavam perambulando entre a densa vegetação, onde vivem jaguares, pumas e serpentes venenosas, em meio a um terreno e clima duros.
Segundo mapas do exército, eles foram encontrados a 5 km do local do acidente.
- O cão Wilson -
Em entrevistas à AFP, os avós dos menores disseram que a mais velha "é muito inteligente", "forte" e de natureza "guerreira", qualidades que lhe permitiram manter os demais a salvo.
Além de animais selvagens e uma vegetação hostil, a selva de Caquetá abriga guerrilheiros que se afastaram do acordo de paz assinado pelas Farc em 2016.
"Foi uma busca bastante difícil. Esta é uma selva tropical, muito densa (...) Andamos com chuva, tempestades, muitas situações difíceis, mas com toda a esperança e fé espiritual de poder encontrá-los", disse à AFP Luis Acosta, um dos guardas indígenas que participaram das operações.
Durante as operações de busca, um cão farejador chamado Wilson se perdeu. Ele havia encontrado várias pertences das crianças e agora está perdido na floresta.
Neste sábado, o exército anunciou que continua procurando o animal. "A busca não terminou. Nosso princípio: não deixamos ninguém para trás", afirmou a instituição pelo Twitter.
"Lesly sorriu para nós, nos abraçou e nos contou sobre o cachorrinho", disse Astrid Cáceres, diretora da entidade estatal responsável pelos direitos das crianças, sem especificar se estava se referindo a Wilson.
Nessa região de difícil acesso por rios e sem estradas, os habitantes costumam viajar em voos particulares.
As crianças embarcaram na aeronave junto com a mãe para escapar de guerrilheiros que recrutam e aterrorizam os moradores da área, informou o general Pedro Sánchez, responsável pelo resgate.