O valor, divulgado inicialmente pelo Wall Street Journal, foi confirmado à AFP por um dos advogados das vítimas, David Boies.
"As partes acreditam que este acordo é o melhor para todos, especialmente para as vítimas que sobreviveram aos terríveis abusos do senhor Epstein", afirmou um comunicado conjunto.
Em 2008, Jeffrey Epstein foi condenado por pagar garotas por massagens a pessoas de seu entorno na Flórida, mas após um acordo judicial secreto, foi sentenciado a 13 meses de prisão e se livrou de um julgamento federal.
Mais tarde, em 2019, foi acusado e preso por organizar, durante vários anos, uma rede formada por dezenas de jovens, com as quais manteve relações sexuais em suas propriedades. Suicidou-se na prisão algumas semanas depois, antes de ser julgado.
- "Acordos históricos" -
O acordo é alcançado após uma primeira bem-sucedida negociação em meados de maio, com o Deutsche Bank.
Na ocasião, foi anunciado que o banco alemão pagaria 75 milhões de dólares (cerca de 382 milhões de reais na cotação da época) para resolver um litígio, no qual o banco alemão foi acusado de se beneficiar, ao apoiar o esquema do falecido magnata.
Os advogados das vítimas alegaram que a instituição alemã permitiu que o suposto predador sexual atuasse graças aos serviços financeiros que prestou desde 2013.
O acordo foi alcançado após uma ação coletiva iniciada contra um acusado não identificado, apresentada por uma mulher também sob anonimato - aparentemente a mesma do caso do JPMorgan -, em novembro de 2022.
"Estes acordos são históricos e mudarão a vida das sobreviventes", disse Sigrid McCawley, uma das advogadas da suposta vítima.
"O dinheiro que, durante muito tempo, fluiu entre a rede de prostituição de Jeffrey Epstein e os principais bancos de Wall Street, agora tem um bom uso."
Segundo McCawley, estas decisões "indicam que as instituições financeiras têm um papel importante para identificar e deter o tráfico sexual".
- Trama complexa -
Esta resolução consensual livra o banco de uma ação civil que provavelmente teria despertado muita atenção midiática e poderia associar, com ou sem razão, a imagem do JPMorgan Chase à de Jeffrey Epstein.
O anúncio foi divulgado no dia da decisão do juiz federal Jed Rakoff, que permitiu que a demanda fosse habilitada como ação coletiva, aberta a todas as supostas vítimas de abusos sexuais cometidos por Jeffrey Epstein.
O caso chegou inclusive ao emblemático diretor-executivo do banco, Jamie Dimon, que precisou testemunhar várias vezes em maio, apesar de não estar implicado diretamente.
Os advogados das supostas vítimas haviam solicitado que o alto executivo prestasse depoimento novamente.
Um ex-executivo do JPMorgan Chase, James "Jes" Staley, está no centro da relação do banco com Epstein, de quem era amigo.
O homem, que atuou como diretor do setor de serviços 'premium' (destinados a clientes ricos e instituições), saiu do banco em 2013 e afirmou que mencionou o caso de Epstein a Dimon, que negou. JPMorgan Chase o processou em um tribunal civil.
"Qualquer associação com ele (Epstein) foi um erro e lamentamos", destacou o banco JPMorgan em nota enviada à AFP. "Nunca teríamos continuado nossa relação com ele se soubéssemos que estava usando nosso banco para facilitar crimes cruéis."
O JPMorgan também é objeto de uma ação apresentada pelo governo das Ilhas Virgens, território dos Estados Unidos no Caribe, que também o acusa de proporcionar serviços bancários a Epstein que o permitiram sustentar sua rede de prostituição.
Iniciada em 2022 por uma mulher, cuja identidade não foi revelada, a ação coletiva acusa a JPMorgan Chase de facilitar o comportamento de Jeffrey Epstein, ao permitir o financiamento de suas atividades. As acusações foram negadas pelo banco.