A Justiça da Argentina avançou nessa segunda-feira (12/) para a etapa de julgamento no caso que envolve a tentativa de assassinato da ex-presidente e atual vice-presidente do país, Cristina Kirchner. Os principais acusados são o brasileiro Fernando Sabag Montiel, que tentou atirar em Kirchner, e seus supostos cúmplices Brenda Uliarte e Gabriel Nicolas Carrizo. A fase atual do processo foi solicitada pelo promotor Carlos Rívolo em 30 de maio, e não houve objeções por parte da defesa dos réus.
De acordo com informações divulgadas pela imprensa argentina, a juíza María Eugenia Capuchetti decidiu dar prosseguimento ao caso. No entanto, a decisão contraria as alegações de Kirchner, que durante toda a investigação insistiu na existência de outros suspeitos e possíveis financiadores do crime.
Os advogados da vice-presidente argentina solicitaram a investigação de possíveis autores intelectuais e financiadores do ataque, mas mesmo assim, eles participarão como parte acusadora no julgamento, conforme afirmou o advogado José Manuel Ubeira. Ele alertou que levar o caso a julgamento em partes é uma prática incorreta e prejudicial à busca da verdade.
O atentado ocorreu em 1º de setembro de 2022, em frente à residência de Cristina Kirchner. Sabag Montiel, armado com uma pistola, se aproximou da vice-presidente e tentou atirar várias vezes, mas a arma falhou. Ele e sua namorada, Brenda Uliarte, foram denunciados como coautores, enquanto Nicolás Carrizo, que empregava o casal como vendedores ambulantes, foi acusado de ser um partícipe necessário.
O promotor classificou o caso como 'homicídio duplamente qualificado por aleivosia e por cooperação premeditada entre duas ou mais pessoas, agravado pelo uso de arma de fogo, em grau de tentativa'. A investigação do Ministério Público concluiu que não era possível comprovar a hipótese de financiamento externo ou pagamentos aos réus.
Além disso, a promotoria afirmou que, com base nas provas coletadas, não foi possível identificar uma organização, partido político ou apoiador que tenham financiado, planejado, encoberto ou contribuído de alguma forma para o atentado.
Cristina Kirchner, ao saber da decisão da Justiça, destacou que o inquérito foi marcado por tentativas de evitar a descoberta da verdade, incluindo testemunhas que apagaram dados de seus telefones e provas destruídas sem investigação adequada.
O brasileiro Fernando Sabag Montiel, filho de pai chileno e mãe argentina, já possuía antecedentes criminais antes do atentado. Ele vivia na Argentina desde 1993 e trabalhava como motorista de aplicativo. Sua namorada, Brenda Uliarte, tinha 23 anos na época do crime e, durante as investigações, foi descoberto que ela mantinha múltiplas personalidades em diferentes perfis nas redes sociais.