Em setembro de 2018, autoridades brasileiras apreenderam dinheiro em espécie e joias em um valor estimado em mais de 16 milhões dólares (51 milhões de reais na cotação da época), encontrados nas malas de uma delegação que acompanhava o vice-presidente de Guiné Equatorial, Teodoro Nguema Obiang Mangue.
Apelidado como Teodorin, Mangue é filho do presidente Teodoro Obiang Nguema Mbasogo, que governa o país desde 1979 e detém o recorde mundial de mais tempo no poder entre os chefes de Estado vivos, sem contar as monarquias.
Como a delegação não estava em missão oficial, apenas Teodorin se beneficiava de imunidade. A aduana brasileira revistou as bagagens de outros 11 membros da delegação, que foram submetidos a interrogatório, segundo a imprensa brasileira.
A lei brasileira proíbe a entrada no país com dinheiro em espécie em valor superior a dez mil dólares (48 mil reais).
Após esses fatos, o Ministério Público da Guiné Equatorial apresentou uma ação por "perdas e danos" à Justiça de seu país pela "apreensão, avaliação e o leilão de bens da República da Guiné Equatorial, incluindo a sede dos serviços diplomáticos do país na cidade de São Paulo", disse a Vice-Presidência em nota.
A Justiça reconheceu um prejuízo de 80 bilhões de francos CFA, valor equivalente a 130 milhões de dólares ou 630 milhões de reais, sofrido pela Guiné Equatorial, que poderá ser indenizado mediante a "apreensão preventiva de bens" de quatro construtoras brasileiras de "propriedade do Estado": ARG, LTDA, ZAGOPE e OAS GE, afirmou a Vice-Presidência.
O prejuízo também poderá ser cobrado de "saldos de créditos" dessas empresas com a administração pública, acrescentou a mesma fonte.
Contatadas pela AFP, as autoridades brasileiras não comentaram de imediato essa decisão.
"Finalmente, depois de cinco anos, a Guiné Equatorial obteve justiça, graças a suas próprias instituições, após o incidente diplomático em Campinas, no Brasil, em 2018", tuitou Obiang.
MALABO