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Estado de Minas KIEV

Tentativa de mediação africana se choca com rejeição da Ucrânia e bombardeios russos


16/06/2023 17:18
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Líderes africanos tentaram nesta sexta-feira (16), em Kiev, criar pontes entre a Ucrânia, que rejeitou a iniciativa, e a Rússia, que bombardeou a cidade durante o dia.

Os membros da delegação, entre eles o presidente da África do Sul, Cyril Ramaphosa, reuniram-se com o chefe de Estado ucraniano, Volodimir Zelensky, e o farão neste sábado, em São Petersburgo, com o presidente da Rússia, Vladimir Putin. "É preciso haver uma desescalada de ambas as partes", declarou Ramaphosa em entrevista coletiva com Zelensky.

A proposta do africano, no entanto, foi rejeitada, no momento em que a Ucrânia tenta recuperar territórios perdidos desde o início da invasão russa, em fevereiro de 2022. "Disse claramente repetidas vezes, em nossa reunião de hoje, que autorizar qualquer tipo de negociação com a Rússia quando o ocupante está em nossas terras equivaleria a congelar a guerra, a dor e o sofrimento", ressaltou o presidente ucraniano.

A guerra na Ucrânia atingiu duramente o continente africano, ao afetar o fornecimento de grãos ucranianos e fertilizantes russos. Além de Ramaphosa, a comitiva é formada pelos presidentes do Senegal, Macky Sall, e da Zâmbia, Hakainde Hichilema, e representantes congoleses, ugandeses e egípcios.

Os países africanos denunciaram a invasão russa de forma menos unânime de que as potências ocidentais. Putin tenta atrair os líderes africanos, argumentando que a Rússia luta contra o imperialismo ocidental. "O sistema internacional neocolonial deixou de existir, e o mundo multipolar, ao contrário, está se reforçando", afirmou.

- Bombardeios russos -

A Força Aérea da Ucrânia informou ter derrubado 12 mísseis russos, incluindo seis supersônicos Kinzhal, interceptados perto de Kiev. "Os mísseis russos são uma mensagem para a África: a Rússia quer mais guerra, não a paz", reagiu no Twitter o ministro das Relações Exteriores da Ucrânia, Dmytro Kuleba.

Peter Stano, porta-voz do chefe da diplomacia europeia, Josep Borell, relatou que os governantes africanos foram "recebidos de uma maneira muito especial com novos ataques de mísseis".

O Exército russo reconheceu que lançava combates intensos no sul da Ucrânia pelo controle das localidades de Rivnopil e Urozhaine.

As forças ucranianas "usaram suas supostas respostas estratégicas para romper as defesas russas, consolidar as suas e avançar. Não alcançaram nenhum desses objetivos", insistiu o presidente russo.

Putin confirmou que a Rússia havia começado a transferir armas nucleares para Belarus, país aliado, conforme havia anunciado em março. "As primeiras ogivas nucleares foram transferidas para território bielorrusso. São apenas as primeiras, mas antes do fim do verão completaremos o processo", disse.

Segundo o prefeito de Kiev, Vitali Klitschko, o bombardeio da capital não causou danos. A polícia regional informou, no entanto, que sete pessoas, entre elas duas crianças, ficaram feridas por fragmentos de mísseis lançados sobre uma localidade da região.

Os deslocamentos de ogivas não parecem alarmar os Estados Unidos. "Não temos motivo para ajustar nossa postura nuclear. Não vemos nenhum sinal de que a Rússia esteja se preparando para usar uma arma nuclear", disse o chefe da diplomacia americana, Antony Blinken.

As batalhas militares, diplomáticas e de comunicação acontecem em meio à contraofensiva da Ucrânia. O presidente russo desconsiderou hoje as tentativas de recuperação de território. "As Forças Armadas ucranianas não têm nenhuma chance lá, ou em qualquer outra área", afirmou, durante um fórum econômico em São Petersburgo.

A delegação africana também visitou Bucha, nos arredores da capital, cenário no ano passado de um massacre de civis atribuído ao Exército russo.

A mediação africana é a tentativa mais recente de uma série de esforços diplomáticos para mediar o conflito.


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