Em um gesto simbólico, o líder chinês recebeu Blinken no Grande Salão do Povo, o monumental edifício que serve para receber dignitários estrangeiros na Praça da Paz Celestial.
"Espero que o secretário Blinken, por meio desta visita, contribua para a estabilização das relações entre a China e os Estados Unidos", declarou Xi ao seu interlocutor.
Por sua vez, o presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, disse brevemente a jornalistas na Califórnia que "estamos no caminho certo".
Xi destacou que "as duas partes alcançaram avanços e encontraram áreas de entendimento em vários pontos específicos", que não foram detalhados, segundo um vídeo divulgado pela televisão estatal CCTV.
A entrevista de Xi ocorreu no segundo e último dia da visita de Blinken à China, a primeira em quase cinco anos de um secretário de Estado.
Ambas as partes reduziram, no entanto, as expectativas sobre uma possível grande reconciliação.
Blinken afirmou que os Estados Unidos e a China querem "estabilizar" suas relações, embora esteja "consciente" das divergências bilaterais fundamentais.
"Não temos ilusões sobre os desafios de gerenciar esse relacionamento. Há muitos temas em que estamos profundamente em desacordo, até mesmo veementemente", disse.
"Fizemos progressos e seguimos em frente", acrescentou o responsável perante a imprensa. Mas "nenhuma dessas questões será resolvida em uma única visita", ressaltou.
Outro sinal positivo: o ministro das Relações Exteriores da China, Qin Gang, aceitou um convite para viajar aos Estados Unidos, em uma data ainda a ser determinada.
- Temas de atrito -
Vários temas têm obscurecido nos últimos anos as relações bilaterais, incluindo o apoio de Washington à ilha autônoma de Taiwan, que Pequim considera como sua, a rivalidade no campo tecnológico, as reivindicações territoriais da potência asiática no Mar da China Meridional e o tratamento aos uigures, uma minoria muçulmana do noroeste da China.
O secretário de Estado afirmou ter levantado várias questões de atrito e expressou a preocupação de Washington com relação a Taiwan, bem como com a região de Xinjiang, onde a minoria uigur está concentrada, além do Tibete e de Hong Kong.
"O contato direto e uma comunicação contínua no mais alto nível são os melhores meios de gerenciar as diferenças de forma responsável e garantir que a competição não se transforme em conflito", reiterou Blinken aos jornalistas.
Os dois países também possuem posições opostas no conflito na Ucrânia, onde os Estados Unidos têm apoiado militar e financeiramente Kiev, enquanto a China evitou condenar a invasão russa e busca se apresentar como mediadora.
Nesse sentido, Blinken afirmou que a China reiterou seu compromisso de não enviar armas a Moscou. "A China nos assegurou, assim como a outros países, que não está fornecendo e não fornecerá assistência letal à Rússia para ser usada na Ucrânia", afirmou.
- Firmeza em relação a Taiwan -
Blinken se reuniu pela manhã com o principal responsável pela diplomacia chinesa, Wang Yi, para quem as relações bilaterais estão em um "momento crítico".
Ambas as potências devem "escolher entre o diálogo e o confronto, a cooperação ou o conflito", afirmou.
Wang reafirmou também a posição de seu país em relação a Taiwan.
Nos últimos meses, os contatos entre Washington e as autoridades taiwanesas, provenientes de um partido independentista, irritaram profundamente Pequim, que respondeu com exercícios militares de grande escala ao redor da ilha governada democraticamente.
O poder comunista chinês considera Taiwan como uma ilha rebelde que ainda não foi reunificada ao restante de seu território desde o final da guerra civil chinesa em 1949.
"A manutenção da unidade nacional continua no centro dos interesses fundamentais da China", e "nessa questão, a China não tem margem para transigir ou ceder", enfatizou Wang.
Blinken reiterou que os Estados Unidos não apoiam a independência de Taiwan e mantêm sua postura de preservar o "status quo", embora tenha expressado "profundas preocupações sobre algumas das ações provocadoras que a China tomou nos últimos anos, desde 2016".
PEQUIM