Jornal Estado de Minas

TURMUS AYYA

Palestino é morto a tiros em ataque israelense na Cisjordânia

Um palestino foi morto a tiros nesta quarta-feira (21) em um ataque cometido por dezenas de israelenses em uma localidade da Cisjordânia ocupada, no episódio mais recente da escalada da violência na região.



Cerca de 200 a 300 civis israelenses entraram esta tarde na cidade de Turmus Ayya, onde incendiaram terrenos agrícolas, casas e dezenas de veículos, relataram à AFP moradores e o prefeito da cidade, Lafi Adib.

"Um mártir chegou ao Complexo Médico Palestino vindo de Turmus Ayya depois de levar um tiro no peito", informou, em nota, o ministério da Saúde palestino.

O ataque se soma aos últimos episódios de violência na região.

O Exército israelense informou que um de seus drones eliminou uma "célula terrorista" com três membros, que se deslocavam em um carro após terem feito disparos perto de Jalamah, na Cisjordânia ocupada.

Na terça-feira, quatro israelenses morreram perto da colônia de Eli atingidos por disparos feitos por palestinos que, por sua vez, foram mortos pelo Exército.

Na véspera, uma operação israelense deixou sete mortos em Jenin, também na Cisjordânia.



- "Obedecer a lei" -

O primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, declarou, nesta quarta-feira, em um vídeo, que não aceitaria "nenhum distúrbio" na região.

"Há dias em que devemos lembrar o que é evidente: o Estado de Israel é um Estado de direito (e) todos os seus cidadãos devem obedecer a lei", insistiu.

À noite, foi registrado outro ataque realizado por israelenses contra o povoado de Urif, de onde vieram os agressores da colônia de Eli.

Abdelhakim Shehada, prefeito da cidade, contou que os moradores repeliram os israelenses com pedras.

"Agora, a situação está tranquila e o exército israelense está aqui", disse ele à AFP.

Em Turmus Ayya, 35 casas foram danificadas e cerca de 50 carros e terras de cultivo foram incendiadas, segundo o prefeito.

Jornalistas da AFP viram casas, edifícios queimados e feridos sendo evacuados por ambulâncias.

"Os colonos atiraram contra nós e, quando a polícia e o Exército israelense chegaram, lançaram balas de borracha e gás lacrimogêneo", disse Awad Abu Samra, um morador.



Doze pessoas ficaram feridas, segundo o ministério palestino.

O Exército israelense informou que as forças de segurança entraram na cidade para "acabar com as chamas, evitar confrontos e coletar evidências" depois que "civis israelenses queimaram veículos e propriedades palestinas".

O episódio aconteceu após o funeral de Nahman Mordof, de 17 anos, um dos quatro israelenses mortos na terça-feira perto da colônia de Eli.

Um porta-voz do grupo palestino Hamas, Hazem Qassem, disse que o ataque foi uma "resposta aos crimes da ocupação (israelense)" em Jenin e no restante dos territórios palestinos.

Em resposta ao ataque, o governo israelense decidiu, nesta quarta, acelerar a expansão do assentamento em Eli.

- Um caixão carregado por estudantes -

A palestina Sadil Naghnaghiya, de 15 anos, ferida na segunda-feira durante a operação israelense em Jenin, morreu e foi enterrada nesta quarta.



Foram suas colegas de escola que, aos prantos, carregaram seu caixão.

Outros seis palestinos, incluindo outro adolescente de 15 anos e um combatente da Jihad Islâmica, morreram na mesma operação, segundo o Ministério da Saúde.

Israel ocupa a Cisjordânia desde a Guerra dos Seis Dias, em 1967. Excluindo o leste de Jerusalém, também anexado, o território abriga agora cerca de 490.000 israelenses, que vivem em assentamentos considerados ilegais segundo o direito internacional.

- Mais represálias -

Ataques de colonos foram registrados ontem em várias localidades palestinas no norte da Cisjordânia, inclusive em Huwara, Al-Lubban al-Sharqiya, perto de Eli, e Beit Furik.

Dezenas de pessoas ficaram feridas, segundo o Crescente Vermelho palestino.

O episódio desta quarta-feira em Turmus Ayya é similar à represália lançada em fevereiro por colonos, após outro ataque palestino contra israelenses na mesma região.

Os Estados Unidos expressaram "profunda preocupação" com o aumento da violência na região.

Israel costuma demolir as casas de palestinos acusados de ataques contra israelenses, alegando um suposto efeito dissuasivo para futuros ataques.

Desde o começo do ano, 166 palestinos, 21 israelenses, um ucraniano e um italiano morreram no conflito israelense-palestino, de acordo com um balanço feito pela AFP com base em fontes oficiais israelenses e palestinas.