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Estado de Minas DESAPARECIDO

Submarino do Titanic: o que acontece agora depois de sons serem detectados

Frank Owen, do Submarine Institute of Australia, diz estar confiante - com base nas informações disponíveis - que os sons estão vindo de dentro da embarcação


22/06/2023 07:35 - atualizado 22/06/2023 10:55
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Ponto de vista de piloto de avião, com mar abaixo
Piloto de força canadense em busca pelo submarino Titan (foto: Canadian Forces/Handout via REUTERS)

Notícias de que ruídos foram captados na busca pelo submarino desaparecido ofereceram um vislumbre de esperança de que os cinco homens a bordo estejam vivos.

Os sons foram registrados por boias de sonar em meio à operação de resgate que corre contra o tempo para encontrar o Titan no meio do Oceano Atlântico.

A janela de tempo para se encontrar as pessoas ainda com viva está ficando cada vez mais curta. Alguns estimam que o oxigênio dentro da embarcação deve terminar nesta quinta-feira (22/6).

O capitão Frederick, envolvido nas buscas, disse, por volta das 14 horas (horário de Brasília), que a aeronave canadense P-3 também ouviu alguns ruídos nesta quarta-feira (21).

Carl Hartsfield, do Woods Hole Oceanographic Institution, disse aos repórteres que é muito difícil discernir quais são os ruídos.

Sua equipe tem "vários sensores na área, levando os dados de volta para as melhores pessoas do mundo e transmitindo-os à equipe para que possam tomar decisões".

"Eles têm que eliminar potenciais fontes artificiais além de Titan", acrescenta.


submarino Titan
(foto: OceanGate Expeditions/Divulgação)

O submarino, chamado de submersível por especialistas, foi dado como desaparecido três dias atrás, durante uma viagem até o naufrágio do Titanic.

As operações subaquáticas foram realocadas para investigar os ruídos, disse a Guarda Costeira dos EUA, mas até agora não encontraram nada.

E com o suprimento de oxigênio previsto para acabar por volta das 6 da manhã (no horário de Brasília) na quinta-feira, as próximas horas são críticas.

Protocolo marítimo

As autoridades dos EUA dizem que os ruídos foram ouvidos em intervalos de meia hora por cerca de quatro horas na terça-feira, de acordo com relatos de vários meios de comunicação.

Especialistas em águas profundas que falaram com a BBC dizem que é difícil determinar o que esses ruídos podem ser sem ver os dados, e o contra-almirante John Mauger - que está liderando as buscas - também confirmou que a origem deles é desconhecida.

Mas é possível que sejam ruídos curtos, agudos e de frequência relativamente alta, feitos de dentro do submarino.

Frank Owen, do Submarine Institute of Australia, diz estar confiante - com base nas informações disponíveis - de que os sons estão vindo de dentro da embarcação.

"Se houve um intervalo de 30 minutos, é muito improvável que seja algo além de humano", disse ele à BBC.

Os homens a bordo incluem o empresário britânico Hamish Harding, 58, o empresário britânico-paquistanês Shahzada Dawood, 48, seu filho Suleman, 19, e Stockton Rush, 61, presidente-executivo da OceanGate, que administra as viagens a um custo de US$ 250.000 (cerca de R$ 1,2 milhões) por pessoa.

Mas Owen diz que os ruídos são "avisos" vindos do quinto homem lá dentro - Paul-Henry Nargeolet, de 77 anos, ex-mergulhador da marinha francesa e renomado explorador.

"Ele conheceria o protocolo para tentar alertar as forças de busca... Toda hora e a cada meia hora, você bate freneticamente por três minutos", disse Owen.

A decisão de realocar a busca indica que as autoridades estão pensando da mesma forma.

Mas em buscas marítimas anteriores - como as do voo MH370 da Malaysian Airlines desaparecido em 2014 e do submarino russo Kursk em 2000 - ruídos subaquáticos também foram ouvidos e não produziram resultados.

E o contra-almirante Mauger disse que há muitos objetos de metal no local do Titanic que podem estar causando os ruídos.


mapa que mostra o local da busca
(foto: BBC)

O outro fio de esperança é que esses sons foram captados pelas boias, diz Owen.

O Titanic está a 3.800 metros abaixo da superfície do oceano, onde ficam as boias.

Todas as formas de radiação eletromagnética, incluindo rádio e radar, são praticamente inúteis debaixo d'água, mas o som pode viajar rapidamente por grandes distâncias.

É possível que os ruídos das camadas oceânicas profundas cheguem às boias, diz Owen, mas é mais provável que os sons venham da mesma camada oceânica.

"É muito difícil ouvir o ruído abaixo da camada [superior] porque o som é refratado por essa queda de temperatura."

"Mas quando está naquela camada isotérmica... entre a superfície e 180m... o som se comporta de maneira bem direta."

Owen diz que se os sons realmente vêm do submarino, os socorristas devem ser capazes de localizá-lo rapidamente.

"[Eles podem] colocar um padrão de boias em torno dessa área, para que possam obter uma localização cruzada."

"O receptor das sonoboias é capaz de traçar esse tipo de informação muito rapidamente... levaria muito pouco tempo para encontrá-lo."

No entanto, os veículos subaquáticos que foram enviados para encontrar a origem do ruído até agora "daram resultados negativos", de acordo com a última atualização da Guarda Costeira dos EUA.

Seria o que aconteceria depois que o submarino fosse localizado que poderia realmente desacelerar as coisas, dizem os especialistas.

A profundidade do navio ou quais problemas ele enfrenta ainda são desconhecidos.

"É bem possível que o submarino esteja na superfície em algum lugar e ainda não tenha sido encontrado", disse David Russell - um ex-oficial da Marinha Real que ajudou a procurar o Kursk - à BBC.

Se o submarino estiver na camada superior do oceano, a recuperação pode ser bastante rápida.

Mas se estiver em níveis mais profundos e precisar de ajuda para ressurgir, isso seria uma tarefa complexa.

"Estamos falando em trazê-lo de volta à superfície usando algum tipo de drone sofisticado para prender fios e cordas à embarcação e, em seguida, puxá-lo para cima ou colocá-lo em um guindaste", disse Russell.

"Já fizemos esse tipo de coisa antes, embora nunca - até onde eu saiba - com esse tipo de profundidade."

Mas uma operação como essa provavelmente exigiria equipamentos que, segundo Owen, ainda não estão disponíveis na área.

Agências, marinhas e empresas comerciais de águas profundas dos EUA e do Canadá estão ajudando na operação de resgate, que está sendo executada na cidade americana de Boston, em Massachusetts.

Vasculhando a zona de busca estão aviões militares, um submarino e vários navios - alguns equipados com ROVs subaquáticos (veículo operado remotamente).

No entanto, eles são mais úteis para coletar informações do que no caso de qualquer recuperação, diz Owen.

"Você precisa de equipamento pesado para trazer algo assim", acrescenta.

"Mesmo abaixar o cabo extra que você vai engatar precisa de um enorme guincho próprio, porque você está falando provavelmente de 5 a 6 km de fio."


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