O líder do Nova Democracia (ND), primeiro-ministro de 2019 até ao fim de maio, irá reassumir o cargo de chefe de governo, depois que seu partido obteve a maioria absoluta de 157 das 300 cadeiras do parlamento, segundo resultados parciais.
Durante sua campanha, Mitsotakis prometeu aumentos salariais, principalmente para a população de menor renda, principal preocupação dos gregos, em um contexto de custo de vida elevado.
O líder conservador também prometeu realizar contratações em massa no setor público de saúde, afetado por uma escassez grave de recursos desde a crise financeira e os programas de austeridade impostos a numerosos serviços públicos.
- Dinastia política de Creta -
Originário de uma dinastia política cretense, Kyriakos Mitsotakis é filho do ex-primeiro-ministro Konstantinos Mitsotakis (1990-1993). Sua irmã foi ministra das Relações Exteriores e um de seus sobrinhos é o atual prefeito de Atenas. Outro foi seu assessor até 2022.
Formado na Universidade de Harvard, Mitsotakis fez carreira como consultor financeiro em Londres, antes de seguir o caminho político de sua família.
Deputado pelo ND pela primeira vez em 2004, o líder conservador atuou como ministro da Reforma Administrativa em meio à crise e aplicou cortes em massa de cargos no funcionalismo público.
Em 2016, um ano após a derrota de seu campo para a esquerda de Alexis Tsipras, foi eleito líder do Nova Democracia, antes de chegar ao poder, três anos depois.
- Recuperação econômica -
O primeiro mandato de Mitsotakis foi marcado pela recuperação de uma economia ainda convalescente, após anos de planos de austeridade drásticos, em que o país perdeu um quarto do PIB. No ano passado, o crescimento grego foi de 5,9%.
Em março passado, no entanto, o premier enfrentou uma onda de protestos inédita desde que chegou ao poder, devido a um desastre ferroviário que causou 57 mortes e foi atribuído a negligências no sistema de sinalização ferroviária.
Nascido em uma família política com grande patrimônio imobiliário, Mitsotakis é criticado por sua arrogância, principalmente por opositores, com destaque para o líder do Syriza (esquerda), Alexis Tsipras.
Nos últimos quatro anos, Mitsotakis deu uma guinada em matéria de segurança, ao reforçar o dispositivo policial. Seu mandato também foi marcado por escândalos, entre eles um de escutas ilegais envolvendo figuras políticas e jornalistas, por meio do programa espião Predator.
Onipresente nas redes sociais, o líder conservador teve uma política de comunicação agressiva, em um ambiente midiático caracterizado pela concentração dos principais veículos e canais de TV nas mãos de grandes grupos financeiros
- Rejeição a migrantes -
Mitsotakis enfrentou acusações recorrentes de devolução de migrantes para a vizinha Turquia antes de eles poderem apresentar um pedido de asilo em território da União Europeia (UE). Ele sempre negou esta prática, comprovada por vídeos e investigações detalhadas feitas por veículos internacionais.
Os quatro anos de Mitsotakis no poder foram marcados pelo retrocesso do Estado de Direito e da liberdade de imprensa. Desde o ano passado, a Grécia ocupa uma posição ruim neste quesito na UE, segundo o ranking anual da ONG Repórteres sem Fronteiras, atrás da Hungria e Polônia.
ATENAS