De acordo com a emissora americana, trata-se de "uma conversa de julho de 2021, pouco depois de sua saída do poder, durante a qual o ex-presidente Donald Trump admitiu ter guardado um documento confidencial do Pentágono relativo a um possível ataque contra o Irã".
"Esses são os papéis", diz Trump no áudio divulgado pela CNN e também obtido pelas redes ABC e CBS. Aparentemente, ele fala com assessores sobre os planos de ataque do Pentágono.
"Os militares fizeram isso e me deram. Como presidente, eu poderia tê-los 'desclassificado'. Agora não posso, vocês sabem, mas continua sendo um segredo", afirma.
"Agora temos um problema", diz, então, um dos assessores.
"Não é interessante? É tão legal", responde o ex-presidente republicano (2017-2021), que termina a gravação mandando alguém trazer alguns refrigerantes.
Em meados de junho, Trump se declarou inocente de 37 acusações de má gestão deliberada de arquivos secretos do governo e de conspiração para evitar sua devolução, tornando-se o primeiro ex-presidente dos Estados Unidos a enfrentar um julgamento criminal.
Parte da transcrição dessa gravação foi citada com oprova na acusação de 49 páginas do procurador especial Jack Smith contra Trump.
Trump se referiu ao procedimento como um "atroz abuso de poder", negando ter guardado documentos confidenciais.
Isso prepara o terreno para um julgamento histórico e potencialmente muito prejudicial para sua campanha antes da eleição presidencial de 2024.
O republicano é acusado de colocar a segurança dos Estados Unidos em risco, ao armazenar documentos confidenciais, incluindo planos militares e informação sobre armas nucleares, em um banheiro ou depósito de sua luxuosa residência em Mar-a-Lago, na Flórida.
Também é acusado de se recusar a devolver estes documentos, apesar de ordens judiciais, o que configura "retenção ilegal de informação relativa à segurança nacional", "obstrução à justiça" e "falso testemunho".
Na segunda-feira à noite, após a difusão do áudio, Trump reagiu em sua rede Truth Social, chamando Smith de "transtornado" e acusando-o de conspirar com o Departamento de Justiça e o FBI (a Polícia Federal americana) para filtrar "ilegalmente" e "distorcer" o conteúdo.
"Essa contínua Caça às Bruxas é outro golpe de INTERFERÊNCIA ELEITORAL", publicou.
Em outro caso, Trump havia sido indiciado no início de abril nos tribunais do estado de Nova York por várias fraudes contábeis relacionadas a um pagamento feito antes da campanha presidencial de 2016. O objetivo era silenciar uma atriz pornô que afirma ter sido sua amante.
Isso se soma a outras questões legais pendentes.
Uma promotora do estado da Geórgia deve anunciar até setembro o resultado de sua investigação sobre a suposta pressão exercida pelo magnata para tentar mudar o resultado da eleição presidencial de 2020, na qual foi derrotado pelo democrata Joe Biden.
Além disso, um procurador especial também investiga sua participação na violenta invasão do Capitólio - sede do Congresso americano - em 6 de janeiro de 2021.
WASHINGTON