Os distúrbios noturnos após a morte de um adolescente baleado pela polícia prosseguiram durante a madrugada de quinta-feira (29) na França, onde 150 pessoas foram detidas, uma "violência" que o presidente Emmanuel Macron chamou de "injustificável".
"As últimas horas foram marcadas por cenas de violência contra uma delegacia, mas também contra escolas, prefeitura e, portanto, contra as instituições da República (...) São injustificáveis", disse Macron no início de uma reunião de crise.
Na terça-feira (27), um policial matou com um tiro Nahel, de 17 anos, quando o adolescente se negou a obedecer as ordens de dois agentes durante uma operação de controle de trânsito em Nanterre, uma localidade ao oeste de Paris conhecida pelo bairro de negócios de La Défense.
O Ministério Público afirmou nesta quinta-feira que as condições legais para o uso da arma "não se apresentaram" e pediu a prisão preventiva por homicídio doloso do policial de 38 anos suspeito de ter atirado contra o jovem. O agente deve comparecer a uma audiência com dois juízes de instrução.
A tensão é grande nos subúrbios da capital francesa: o governo mobilizou 2.000 agentes das forças de segurança durante a noite para tentar evitar novos distúrbios, mas os protestos também foram organizados em outras regiões como Lyon (leste), Toulouse (sudoeste) ou Lille (norte).
Além de carros - 66 apenas em Estrasburgo (nordeste) -, os manifestantes também incendiaram escolas em várias cidades como Tourcoing (norte), várias delegacias e inclusive a sede da prefeitura de Garges-lès-Gonesse, ao norte de Paris.
"Estamos cansados deste tratamento. Isto é por Nahel, nós somos Nahel", gritaram os jovens, que enfrentaram a polícia em alguns momentos durante a noite no subúrbio nordeste de Paris.
O ministro do Interior, Gérald Darmanin, anunciou que 150 pessoas foram detidas durante a noite e denunciou "atos de violência insuportáveis contra símbolos da República". Ele também criticou as pessoas que não pediram calma.
A segunda noite de distúrbios aconteceu algumas horas antes de uma passeata em homenagem a Nahel convocada pela mãe do jovem e que deve acontecer diante da prefeitura de Nanterre, perto do local em que o adolescente morreu. "É uma revolta por meu filho", declarou.
Estado de emergência como em 2005?
A morte de Nahel provocou um grande movimento de indignação, de Macron ao astro do futebol francês Kylian Mbappé, e a retomada do debate recorrente sobre a violência policial no país. Treze pessoas morreram em circunstâncias similares em 2022.
Um vídeo publicado nas redes sociais, cuja autenticidade foi comprovada pela AFP, mostra o momento em que um agente aponta uma arma para o motorista e atira à queima-roupa quando ele acelera com o veículo. Na gravação é possível ouvir a frase: "Você vai levar um tiro na cabeça", mas não fica claro quem a pronuncia.
A fuga do jovem, que tinha ficha na polícia por atos similares, terminou poucos metros à frente, quando o carro bateu contra um poste. A vítima morreu pouco depois de ser atingida por um tiro no tórax.
A tragédia provoca a recordação dos distúrbios de 2005 nos subúrbios das grandes cidades, depois que dois adolescentes morreram eletrocutados quando fugiam da polícia em Clichy-sous-Bois, ao noroeste de Paris.
O governo do então presidente conservador Jacques Chirac decretou estado de emergência, pela primeira vez na França metropolitana desde o fim da guerra de independência da Argélia. Os dois policiais acusados foram absolvidos em 2015.
"Peço o acionamento imediato do estado de emergência no local dos incidentes", afirmou o líder de direita Éric Ciotti. A direita e a extrema-direita insistem no respeito à "presunção de inocência" dos policiais.
O governo enfrenta uma situação delicada, em particular porque as críticas da véspera geraram desconforto entre os sindicatos de policiais. Agora, o Executivo tenta combinar firmeza diante dos distúrbios com um apaziguamento para evitar que o aumento da tensão.
A primeira-ministra Elisabeth Borne cancelou uma visita ao oeste do país e os ministros adiaram as viagens "não prioritárias", anunciou o governo.
"As últimas horas foram marcadas por cenas de violência contra uma delegacia, mas também contra escolas, prefeitura e, portanto, contra as instituições da República (...) São injustificáveis", disse Macron no início de uma reunião de crise.
Na terça-feira (27), um policial matou com um tiro Nahel, de 17 anos, quando o adolescente se negou a obedecer as ordens de dois agentes durante uma operação de controle de trânsito em Nanterre, uma localidade ao oeste de Paris conhecida pelo bairro de negócios de La Défense.
O Ministério Público afirmou nesta quinta-feira que as condições legais para o uso da arma "não se apresentaram" e pediu a prisão preventiva por homicídio doloso do policial de 38 anos suspeito de ter atirado contra o jovem. O agente deve comparecer a uma audiência com dois juízes de instrução.
A tensão é grande nos subúrbios da capital francesa: o governo mobilizou 2.000 agentes das forças de segurança durante a noite para tentar evitar novos distúrbios, mas os protestos também foram organizados em outras regiões como Lyon (leste), Toulouse (sudoeste) ou Lille (norte).
Além de carros - 66 apenas em Estrasburgo (nordeste) -, os manifestantes também incendiaram escolas em várias cidades como Tourcoing (norte), várias delegacias e inclusive a sede da prefeitura de Garges-lès-Gonesse, ao norte de Paris.
"Estamos cansados deste tratamento. Isto é por Nahel, nós somos Nahel", gritaram os jovens, que enfrentaram a polícia em alguns momentos durante a noite no subúrbio nordeste de Paris.
O ministro do Interior, Gérald Darmanin, anunciou que 150 pessoas foram detidas durante a noite e denunciou "atos de violência insuportáveis contra símbolos da República". Ele também criticou as pessoas que não pediram calma.
A segunda noite de distúrbios aconteceu algumas horas antes de uma passeata em homenagem a Nahel convocada pela mãe do jovem e que deve acontecer diante da prefeitura de Nanterre, perto do local em que o adolescente morreu. "É uma revolta por meu filho", declarou.
Estado de emergência como em 2005?
A morte de Nahel provocou um grande movimento de indignação, de Macron ao astro do futebol francês Kylian Mbappé, e a retomada do debate recorrente sobre a violência policial no país. Treze pessoas morreram em circunstâncias similares em 2022.
Um vídeo publicado nas redes sociais, cuja autenticidade foi comprovada pela AFP, mostra o momento em que um agente aponta uma arma para o motorista e atira à queima-roupa quando ele acelera com o veículo. Na gravação é possível ouvir a frase: "Você vai levar um tiro na cabeça", mas não fica claro quem a pronuncia.
A fuga do jovem, que tinha ficha na polícia por atos similares, terminou poucos metros à frente, quando o carro bateu contra um poste. A vítima morreu pouco depois de ser atingida por um tiro no tórax.
A tragédia provoca a recordação dos distúrbios de 2005 nos subúrbios das grandes cidades, depois que dois adolescentes morreram eletrocutados quando fugiam da polícia em Clichy-sous-Bois, ao noroeste de Paris.
O governo do então presidente conservador Jacques Chirac decretou estado de emergência, pela primeira vez na França metropolitana desde o fim da guerra de independência da Argélia. Os dois policiais acusados foram absolvidos em 2015.
"Peço o acionamento imediato do estado de emergência no local dos incidentes", afirmou o líder de direita Éric Ciotti. A direita e a extrema-direita insistem no respeito à "presunção de inocência" dos policiais.
O governo enfrenta uma situação delicada, em particular porque as críticas da véspera geraram desconforto entre os sindicatos de policiais. Agora, o Executivo tenta combinar firmeza diante dos distúrbios com um apaziguamento para evitar que o aumento da tensão.
A primeira-ministra Elisabeth Borne cancelou uma visita ao oeste do país e os ministros adiaram as viagens "não prioritárias", anunciou o governo.