"É uma migração hemisférica", disse a diretora para a América Latina e Caribe desta organização da ONU.
"As pessoas estão transitando em todo o continente (...). Na área em direção à fronteira entre os Estados Unidos e o México, tudo é afetado pela migração, e os governos estão nos dizendo 'O que fazemos com toda essa massa de pessoas transitando?'", alertou.
A pressão, sobretudo ao nível da segurança alimentar, leva Castro a insistir em que a América Latina "não seja esquecida" quando os seus governantes e os da União Europeia (UE) se reunirem em uma cúpula em Bruxelas em 17 e 18 de julho.
O Haiti é uma das principais preocupações do PMA, especialmente por causa da violência relacionada às gangues, explicou Castro.
"A situação se deteriorou extremamente", afirmou, acrescentando que "há 200 gangues e elas tomaram o controle da cidade de Porto Príncipe", a capital.
O perigo que representam é que impedem os haitianos de irem para o trabalho, para a escola, ou para o mercado. "Está realmente tomando a população como refém", disse Castro.
- Cortes de financiamento -
Quase metade da população do Haiti, cerca de 4,9 milhões de pessoas, precisa de ajuda alimentar, mas o PMA só tem capacidade para 2,5 milhões delas.
"Como resultado dos cortes de financiamento em todo o mundo, não vamos conseguir chegar a um (milhão) desses 2,5 milhões", disse Castro. É uma situação "muito dramática", lamentou.
A responsável garantiu que faltam 122 milhões de dólares (586 milhões de reais, na cotação atual) para financiar as operações do PMA no Haiti este ano.
A guerra na Ucrânia trouxe sérios problemas alimentares em várias regiões, especialmente na África e no Oriente Médio, mas a insegurança alimentar na América Latina está aumentando inexoravelmente, apesar de sua capacidade de produção agrícola, disse Castro.
Enquanto nos anos anteriores o PMA ajudava três milhões de pessoas com graves problemas alimentares na América Latina e no Caribe, "agora nunca estamos abaixo de 10 a 30 milhões".
"No momento, a migração é a única opção que as pessoas têm", afirmou. "Elas estão indo para o norte e o que estamos vendo é um grande aumento", insistiu.
Com a cúpula entre a UE e a Celac (Comunidade de Estados Latino-Americanos e Caribenhos) em Bruxelas - a primeira em uma década -, os países europeus buscam promover o diálogo e avançar em um tratado de livre-comércio, após chegarem a um acordo de princípio em 2019 com os membros do Mercosul (Argentina, Brasil, Paraguai e Uruguai).
BRUSELAS