No novo relatório apresentado ao Conselho de Direitos Humanos em Genebra, o alto funcionário da ONU se concentrou na "recusa sistemática do Exército" em fornecer ajuda humanitária vital aos civis.
Os militares no poder "colocam em prática uma série de obstáculos legais, financeiros e burocráticos para garantir que as pessoas que precisam não recebam ajuda e não possam ter acesso a ela. Essa obstrução da ajuda vital é deliberada e seletiva", o que levou "grande parte da população" a se ver privada de suas liberdades e direitos fundamentais, disse Volker Türk.
Um terço da população birmanesa precisa de ajuda urgente em termos de abrigo, comida, água e emprego, acrescentou.
Segundo as Nações Unidas, 15,2 milhões de pessoas precisam de ajuda alimentar e nutricional urgente no país.
O alto comissário também denunciou "os ataques diretos contra o pessoal humanitário".
"As organizações locais, que fornecem a grande maioria da ajuda humanitária, são as que correm maiores riscos no desempenho de suas funções. Desde o golpe, até 40 trabalhadores humanitários morreram, e e mais de 200 foram presos", relatou.
Mianmar está mergulhada em um cenário caos que foi denunciado várias vezes pela ONU e por organizações de direitos humanos, após o golpe de fevereiro de 2021 contra Aung San Suu Kyi, que pôs fim a um hiato democrático de dez anos no país.
"Fontes confiáveis indicam que, até ontem (quarta-feira), 3.747 pessoas morreram nas mãos dos militares desde que eles chegaram ao poder, e 23.747 foram detidas", concluiu Volker Türk.