As eleições já foram reconhecidas como válidas pela manhã pela comissão eleitoral desta ex-república soviética, rica em gás e com uma posição estratégica na região.
Segundo a mesma fonte, cerca de 70% dos 19,2 milhões de eleitores haviam votado até as 17h00 locais (09h00 no horário de Brasília).
Mirziyoyev, vencedor com ampla vantagem em 2016 e reeleito confortavelmente em 2021 em um país sem verdadeira oposição, convocou estas eleições presidenciais após o referendo constitucional de 30 de abril, aprovado por mais de 90% dos votos, que autoriza a extensão do mandato presidencial de cinco para sete anos e a possibilidade de se candidatar mais duas vezes.
Essas medidas abrem caminho para que o presidente, de 65 anos, permaneça no poder até 2037.
Este engenheiro agrônomo de formação se apresenta como um reformista que deseja levar o país pelo caminho do desenvolvimento e da abertura.
- Urna em casa -
Poucos duvidam do resultado das eleições: todos os uzbeques entrevistados pela AFP garantiram que votariam no líder atual, que compete com três candidatos quase desconhecidos.
"Espero que Shavkat Mirziyoyev seja o futuro presidente, para que se acelere a luta contra a corrupção, e perceba nossos problemas com o meio ambiente", afirmou Nodira Jidoyatova, empresária de 57 anos, na saída de um colégio eleitoral onde, como nos outros locais de voto, as cabines para votar não possuem cortina e as cédulas são depositadas sem envelope.
Para os eleitores que não podem sair de casa, os funcionários levam urnas a domicílio, observou a AFP.
Nos canais estatais, as imagens mostravam grupos de pessoas indo votar, algumas delas cantando e dançando.
- Cortes de gás e eletricidade -
Apesar dos avanços no país, as dificuldades econômicas persistem, com milhares de trabalhadores migrando, principalmente para a Rússia, em busca de meios de subsistência.
Abduali Nurmatov, de 64 anos, só quer que o presidente resolva "os problemas de gás e eletricidade", após os frequentes cortes de energia do último inverno.
Desde sua chegada ao poder em 2016, após a morte do autoritário Islam Karimov, Mirziyoyev iniciou uma série de reformas econômicas e sociais que, no entanto, não acabaram com os abusos, afirmam ativistas.
As ONGs afirmam que a situação dos direitos humanos está melhor do que na época de Karimov, mas alertam que ainda há muito a ser feito.
"A vitória do presidente em exercício é óbvia", de acordo com o especialista em política uzbeque Farkhod Talipov.
"Os outros candidatos são totalmente desconhecidos e impopulares. Sua candidatura é apenas uma maneira artificial de mostrar uma disputa política que não existe", acrescenta.
A Organização para a Segurança e Cooperação na Europa (OSCE) constatou uma "campanha discreta, refletindo a ausência de oposição ao presidente em exercício".