O Salvamento Marítimo enviou na manhã de hoje um de seus aviões para sobrevoar o Atlântico e pediu ajuda "dos navios que transitam pela zona", disse à AFP um porta-voz da instituição. O "avião rastreou a área e não encontrou nada", disse outro porta-voz da instituição durante a tarde.
Na véspera, o Salvamento Marítimo havia resgatado 78 migrantes de uma embarcação e os levado para a ilha de Grã Canária, onde eles foram atendidos pela Cruz Vermelha. Em um primeiro momento, os socorristas mencionaram 86 migrantes resgatados, mas revisaram hoje o número.
Segundo a ONG espanhola Caminhando Fronteiras, que baseia seus dados em depoimentos de migrantes e suas famílias, outras três embarcações, que partiram do Senegal com cerca 300 migrantes a bordo, continuam desaparecidas.
Uma delas partiu em 27 de junho da cidade senegalesa de Kafountine, a cerca de 1.700 quilômetros das Canárias, com cerca de 200 pessoas a bordo.
O Salvamento indicou inicialmente que a embarcação resgatada na segunda poderia ser esse barco, mas admitiu que errou. O barco recuperado ontem não era uma das três embarcações que partiram do Senegal, informou hoje um porta-voz da Caminhando Fronteiras.
"Cada minuto conta para encontrar com vida as mais de 300 pessoas que viajavam em três barcos senegaleses (...) São necessários mais meios de buscas e uma colaboração maior entre Mauritânia, Espanha e Marrocos", tuitou a fundadora da Caminhando Fronteiras, Helena Maleno.
- Desmentido do Senegal -
O Senegal, especialmente o sul do país, é um dos pontos de partida de migrantes sem documentos para a Europa. A Espanha é uma das principais portas de entrada.
Um dos principais nomes da oposição no Senegal, Ousmane Sonko, atribuiu nesta terça-feira o "fenômeno macabro e angustiante" da saída de migrantes irregulares ao "fracasso das políticas públicas do regime do presidente Macky Sall", de acordo com publicações em seu perfil no Twitter.
Sonko foi condenado no início de junho a dois anos de prisão e foi impedido de concorrer às eleições presidenciais de 2024.
Este incidente provocou protestos que deixaram 16 mortos, segundo dados oficiais. Segundo a oposição, entretanto, o número sobe para 30 mortos.
O Ministério das Relações Exteriores do Senegal negou que 300 cidadãos do país tenham desaparecido no mar: "O ministério ficou assombrado de ouvir relatos nas redes sociais sobre o desaparecimento de, pelo menos, 300 supostos emigrantes senegaleses cujos barcos deixaram Kafountine com destino às Ilhas Canárias. Foram realizadas verificações para mostrar que esta informação é completamente infundada."
O ministério acrescentou que 260 senegaleses foram resgatados entre 28 de junho e 9 de julho em águas marroquinas, mas não especificou se eles estavam nos barcos mencionados inicialmente pela ONG Caminando Fronteras.