As promessas do G7 não devem ser vistas como uma substituição da Otan, "mas como garantias de segurança no nosso caminho à integração", disse Zelensky em coletivas de imprensa, junto com o secretário-geral da aliança transatlântica, Jens Stoltenberg.
Na terça-feira, no primeiro dia da cúpula em Vilnius, a Otan prometeu que convidará a Ucrânia a entrar para a aliança quando todos os aliados estiverem de acordo e "as condições forem cumpridas", sem oferecer um cronograma detalhado para concretizar o objetivo.
"Posso dizer que os resultados desta cúpula são bons, mas quando recebermos o convite, isso sim será ótimo", disse Zelensky nesta quarta-feira.
Pouco antes de chegar à coletiva de imprensa, Zelensky afirmou que "a melhor garantia para a Ucrânia é fazer parte da Otan".
Posteriormente, Zelensky e Stoltenberg participaram, juntamente com os demais dirigentes, da primeira reunião do Conselho Ucrânia-Otan, instância que proporciona ao país um diálogo direto nas discussões com a aliança, mas ainda está longe de significar que já está incorporada ao grupo.
"Nesta quarta-feira, nos encontraremos como iguais. Estou ansioso pelo dia em que nos encontraremos como aliados", disse Stoltenberg.
No início do dia, a conselheira da Casa Branca para Assuntos Europeus, Amanda Sloat, afirmou que os compromissos de longo prazo representam um sinal direto para a Rússia.
"Esta declaração multilateral enviará um sinal importante à Rússia de que o tempo não joga a seu favor", afirmou.
O G7 anunciará como ajudará a Ucrânia a derrotar a Rússia e a impedir um novo ataque nos próximos anos. A ideia é mostrar a Moscou que deve abandonar a ilusão de uma eventual redução no apoio a Kiev.
O anúncio do grupo (formado por Reino Unido, Canadá, França, Alemanha, Itália, Japão e Estados Unidos) deve proporcionar uma estrutura sob a qual cada país adotará, posteriormente, acordos bilaterais com a Ucrânia para definir as armas que serão entregues.
O presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, propôs um modelo para a Ucrânia similar ao que seu país mantém com Israel, que inclui o compromisso de 3,8 bilhões de dólares em ajuda militar durante uma década.
Nesta quarta-feira, o porta-voz do governo russo, Dmitryi Peskov, alertou que o plano de compromisso a ser anunciado pelo G7 vai minar a segurança da Rússia e tornará a Europa "muito mais perigosa por anos e anos".
Em coincidência com a reunião de cúpula, as tropas russas executaram pela segunda noite consecutiva um ataque com drones contra Kiev e sua região, anunciou o comandante da administração militar da capital ucraniana nesta quarta-feira.
"Todos os drones explosivos Shahed, de fabricação iraniana, foram detectados e destruídos", afirmou Sergiy Popko no Telegram. "Não há informações sobre vítimas e danos no momento".
- "Absurdo" -
Os países ocidentais já enviaram armas avaliadas em dezenas de bilhões de dólares à Ucrânia para ajudar o país a lutar contra a invasão russa.
O governo da Alemanha anunciou na terça-feira que fornecerá mais tanques, sistemas de defesa antimísseis Patriot e veículos blindados avaliados em mais 700 milhões de euros.
A França revelou o envio de mísseis de longo alcance do tipo SCALP e uma coalizão de 11 nações informou que começará a treinar pilotos ucranianos em caças F-16 a partir de agosto.
As promessas, no entanto, não atendem a aspiração de Zelensky de ver a Ucrânia sob o guarda-chuva de proteção da defesa coletiva da Otan.
No primeiro dia da reunião em Vilnius, os líderes da organização destacaram que o "futuro da Ucrânia está na Otan" e encurtaram o processo de adesão de Kiev à aliança, mas sem um cronograma objetivo.
Por isso, antes de viajar à Lituânia, Zelensky criticou duramente a aliança, ao afirmar que não oferecer à Ucrânia um prazo para a adesão era "absurdo".
"A incerteza é uma fraqueza", acusou.
Durante o dia, Zelensky também terá reuniões bilaterais com os líderes da Otan, incluindo Biden.