O mundo deve reduzir suas emissões de gases de efeito estufa sem provocar uma crise energética, acrescentou Al Jaber, em entrevista à AFP.
Abandonar as energias fósseis é "inevitável e essencial", reconheceu o responsável pela COP28, evento que será realizado entre novembro e dezembro em Dubai.
Mas "não tenho uma varinha mágica" para determinar o ritmo de abandono dos combustíveis fósseis, acrescentou.
Ao mesmo tempo em que comanda as negociações climáticas, Al Jaber é o presidente do principal consórcio produtor de petróleo e gás dos Emirados Árabes Unidos, uma dupla responsabilidade criticada por organizações ambientalistas.
"As economias estão crescendo, as populações estão crescendo. Não podemos eliminar o sistema energético atual antes de construir o sistema de amanhã, com zero emissão de CO2", defendeu.
"O ritmo de desenvolvimento e crescimento do novo sistema energético não acompanha" as necessidades dos países em desenvolvimento, advertiu.
"Temos que ter cuidado, não devemos criar uma crise energética", insistiu.
Na semana passada em Viena, Al Jaber pediu publicamente que as companhias petrolíferas, principalmente as nacionais, comprometam-se a reduzir suas emissões.
"Estou neste ramo há 24 anos. Não tenho varinha de condão, nem quero propor datas que não tenham fundamento, nem estejam justificadas", afirmou na entrevista.
- "Motivador" -
Ministro da Indústria e presidente do consórcio de energia Adnoc, Al Jaber também é o fundador da empresa de energia renovável de seu país, a Masdar. Já liderou a delegação dos Emirados em uma dezena de COPs, negociações complexas que costumam se alongar.
"É até motivador mostrar ao mundo que alguém com a minha experiência pode inventar algo completamente diferente", reflete.
As duas últimas edições da COP terminaram em uma briga diplomática entre os que querem que se adote, oficialmente, a saída dos combustíveis fósseis e os países produtores de petróleo, do Golfo aos Estados Unidos.
Al Jaber quer mesclar os compromissos dos Estados sob a égide da ONU com os dos industriais e do setor privado, aos quais pretende dar um grande espaço em Dubai.
A expectativa é de um evento com cerca de 70.000 participantes, o dobro das maiores COPs já realizadas.
"Não tenho dúvida de que conseguiremos produzir um resultado concreto" ao final de uma COP "apoiada pelo setor privado e pelo capital privado".
Entre os objetivos específicos propostos nesta quinta-feira estão: triplicar a capacidade da energia renovável do mundo até 2030, chegando a até 11.000 gigawatts; duplicar a melhoria da eficiência energética até 2030; e dobrar a produção de hidrogênio até 2030.
- Pronuclear -
Este engenheiro de 49 anos também defende, sem hesitar, a energia nuclear: "uma fonte de eletricidade segura, sustentável e com baixo teor de carbono, que pode ser uma ponte muito robusta nesta transição".
Pela primeira vez, uma avaliação global dos compromissos climáticos dos países, prevista para setembro, precederá a COP.
Al Jaber escreveu, nesta quinta, para todos os países participantes das COPs, pedindo-lhes, publicamente, que revisem seus planos climáticos para cima "até setembro".
Os Emirados publicaram hoje seu próprio plano atualizado.
BRUXELAS