Autoridades de saúde emitiram alertas de calor nos Estados Unidos, Europa e Ásia, e reforçaram a importância de se hidratar e proteger-se do sol, diante da nova demonstração dos efeitos do aquecimento global.
A cerca de 80 km de Atenas, perto da cidade litorânea de Loutraki, as autoridades gregas evacuaram cerca de 1.200 crianças de um acampamento de verão diante do avanço das chamas.
Em Kouvaras, a leste de Atenas, um incêndio varreu a área e atingiu outra cidade a cerca de 40 quilômetros a sudeste da capital. A polícia deteve um homem suspeito de iniciar o foco, anunciou um porta-voz do corpo de bombeiros.
Na Europa, o aquecimento avança duas vezes mais rápido do que a média mundial, de acordo com especialistas.
A Itália, por exemplo, se prepara para enfrentar as temperaturas mais altas de sua história. As ilhas da Sicília e Sardenha esperam chegar aos 48ºC, de acordo com a Agência Espacial Europeia.
Já em Roma, os termômetros devem chegar aos 42ºC nesta terça-feira (18), um recorde absoluto para a capital, segundo a agência meteorológica da Aeronáutica do país.
- Reduzir as emissões -
"Somos do Texas e está muito quente lá, pensamos que escaparíamos do calor, mas aqui está ainda mais quente", disse Colman Peavy, um turista de 30 anos, enquanto bebia um capuchino no centro da capital italiana.
Em Bucareste, o taxista Marian afirma sentir falta "do tempo em que as estações eram as estações" na Romênia. "Amanhã vou levar minha mulher e filhos à montanha", diz.
O sentimento é similar em Atenas, onde Nancy Vikeli trabalha sob o sol de 9 às 17h vendendo chips de celular.
"As condições de trabalho são muito difíceis", diz. "Fazemos pausas frequentes para nos refrescar e ficar na sombra", garante.
O secretário-geral da Organização Meteorológica Mundial (OMM), Petteri Taalas, alertou que os "fenômenos meteorológicos extremos têm importantes repercussões na saúde humana, nos ecossistemas, na economia, na agricultura, na energia e no abastecimento de água".
O especialista insistiu na urgência de reduzir as emissões de gases do efeito estufa.
Nesta segunda, a Espanha voltou a enfrentar um fenômeno de temperaturas "excepcionalmente altas" para o período, que aumentaram o risco de incêndios florestais, alertaram autoridades. Os termômetros marcaram 44,7ºC em Jaén e 44,5ºC em Córdoba, ambas províncias da Andaluzia (sul), de acordo com a Agência Estatal de Meteorologia (Aemet).
Na França, as temperaturas devem atingir 40°C na terça-feira no sudeste do país, de acordo com a Météo-France.
Em Chipre, que também sofre com temperaturas acima dos 40ºC, um homem de 90 anos morreu no domingo e três pessoas foram hospitalizadas vítimas do calor.
- Onda de calor "opressiva" nos EUA -
Nos Estados Unidos, os serviços meteorológicos destacam uma onda de calor "opressiva" no sul e oeste do país e preveem marcas recordes.
No famoso Vale da Morte, na Califórnia, um dos lugares mais quentes do planeta, a temperatura oficial quase alcançou os 52°C no domingo.
Vários incêndios também afetam o sul do estado e já destruíram mais de 3.000 hectares, além de provocarem evacuações da população.
Na Flórida, a cidade de Miami emitiu o primeiro alerta de "calor excessivo" em sua história. E no Arizona, a capital Phoenix teve o 18º dia seguido com temperaturas acima dos 43ºC, igualando um recorde.
Já no Canadá, mais de 10 milhões de hectares foram destruídos por incêndios desde o início do ano. Nesta segunda, 882 focos permaneciam ativos, incluindo 579 considerados fora de controle, de acordo com o Centro Canadense de Incêndios Florestais (CIFFC, na sigla em inglês).
Como em outras ocasiões no último mês, a fumaça desce até os Estados Unidos, provocando alertas pela má qualidade do ar em grande parte do nordeste do país.
- Recorde na China -
A China registrou a temperatura de 52,2ºC no domingo, na região de Xinjiang (oeste), um recorde para meados de julho, informou nesta segunda-feira o serviço meteorológico.
Xinjiang, o vasto território parcialmente desértico e que faz fronteira com vários países da Ásia Central, é geralmente a região mais quente da China durante o verão.
O Japão, por sua vez, emitiu alertas para temperaturas elevadas em 32 dos 47 municípios do país, com os termômetros próximos ao recorde absoluto de 41,1ºC, registrado em 2018.
"Está claro que o clima mudou. Antes, a temperatura nunca havia chegado aos 30ºC. Agora chega facilmente", lamentou Tomaya Abe.
O país ainda enfrenta chuvas torrenciais que já deixaram ao menos oito mortos.
Já na vizinha Coreia do Sul, 39 pessoas perderam a vida em decorrência das fortes chuvas dos últimos dias.