O representante americano se reuniu com a principal autoridade da política externa chinesa, Wang Yi, em uma visita para retomar os contatos diplomáticos entre os dois países mais poluentes do planeta.
"O clima, vocês sabem, é um problema mundial, não é um problema bilateral. É uma ameaça para a humanidade", disse Kerry no Grande Palácio do Povo.
A visita coincide com uma onda de calor que provocou a disparada dos termômetros em grande parte do hemisfério norte, incluindo China e Estados Unidos. No domingo, os países registraram temperaturas superiores a 50ºC: 52ºC no californiano Vale da Morte e 52,2ºC na região chinesa de Xinjiang (oeste), um recorde para meados de julho.
Os cientistas afirmam que a frequência e intensidade destes fenômenos meteorológicos extremos aumentam devido ao aquecimento global.
"Nossa esperança é que este possa ser o começo de uma nova definição de cooperação e capacidade para resolver as diferenças entre nós", disse Kerry.
- "Velho amigo" -
Em resposta, Wang, chefe da diplomacia no Partido Comunista chinês, destacou a necessidade de "uma relação sino-americana saudável, estável e sustentável".
"A cooperação sobre mudança climática avança entre China e Estados Unidos, e para isto, necessitamos do apoio conjunto dos povos dos dois países", argumentou Wang.
As negociações sobre políticas climáticas entre os dois grandes poluentes foram paralisadas no ano passado, depois que Nancy Pelosi, então presidente da Câmara de Representantes dos Estados Unidos, irritou Pequim com sua visita à ilha de Taiwan, que a China considera parte de seu território.
John Kerry mantém relações cordiais e consistentes com os dirigentes chineses apesar das disputas entre Washington e Pequim por Taiwan e outras questões.
Como sinal desta proximidade, Wang chamou de "velho amigo" o ex-secretário de Estado de Barack Obama, que está em sua terceira viagem a Pequim desde que assumiu o novo cargo em 2021.
Nesta terça, o enviado para o clima encontrou o primeiro-ministro chinês Li Qiang, que advertiu que as mudanças climáticas criam "um desafio surpreendente".
"Cabe à China, Estados Unidos e a todos os países no mundo fortalecer a coordenação, construir o consenso e acelerar as medidas", disse Li.
- "Medidas urgentes" -
Na segunda, Kerry se reuniu por quatro horas com seu homólogo Xie Zhenhua, informou a rede estatal chinesa CCTV.
Os dois países "devem tomar medidas urgentes em várias frentes, especialmente nos desafios da poluição por carvão e metano", tuitou Kerry após as reuniões.
A contraparte chinesa disse que "a mudança climática é um desafio comum a toda a humanidade".
Antes de Kerry, dois funcionários de alto escalão do governo Biden - o secretário de Estado, Antony Blinken, e a secretária do Tesouro, Janet Yellen - viajaram a Pequim com a intenção de estabilizar as relações entre os países.
Os Estados Unidos declararam que, nesta viagem, Kerry não medirá esforços para reduzir a emissão de poluentes.
"Todos os países, incluindo a China, têm a responsabilidade de reduzir emissões", disse no domingo o conselheiro de Segurança Nacional da Casa Branca, Jake Sullivan.
PEQUIM