O tribunal "o condena à pena de 128 meses de prisão" e ao pagamento de uma multa no valor 19 milhões de dólares (91 milhões de reais na cotação atual).
A defesa de Martinelli pode contestar a sentença em um tribunal de apelações ou apresentar um recurso à Suprema Corte de Justiça.
A juíza do caso, Baloísa Marquínez, também condenou outras quatro pessoas com penas que variam de cinco a oito anos de prisão, enquanto outros 10 acusados foram absolvidos.
A principal promotoria contra o crime organizado havia solicitado a pena máxima de 12 anos, por comprar em 2010, com dinheiro público, a maioria das ações da Editora Panamá América.
"O Ministério Público está satisfeito com as cinco pessoas que foram condenadas nesta sentença", disse o promotor Emeldo Márquez.
Martinelli classifica esse processo como um "julgamento político manipulado" e garante que tudo se trata de uma "perseguição política" para evitar que ele possa concorrer nas eleições presidenciais de 2024.
"Como eles não têm os votos para vencer Ricardo Martinelli nas eleições, tentam burlar a democracia e a vontade popular ao tentar impedir coisas que não vão conseguir", afirmou o porta-voz do ex-governante, Luis Eduardo Camacho, ao canal Telemetro.
Segundo a acusação, a compra da editora foi realizada através de um complexo esquema de sociedades no qual várias empresas depositaram um total de 43,9 milhões de dólares (212 milhões de reais).
Esse dinheiro seria proveniente do pagamento de comissões, de até 10% sobre o contrato original, por obras de infraestrutura durante o governo de Martinelli.
Com parte desses fundos, Martinelli adquiriu a empresa de comunicação, cuja linha editorial defende desde então os feitos do ex-presidente.
A sentença ordena agora o "confisco a favor do Estado" das ações da Editora Panamá América e de suas instalações.
- Decisão histórica -
O ex-presidente foi julgado de 23 de maio a 2 de junho por este caso, conhecido como "New Business", nome de uma das sociedades utilizadas no esquema.
"É uma decisão histórica, é a primeira vez na história do Panamá que um empresário, ex-presidente e político relevante é condenado a 10 anos de prisão por lavagem de dinheiro e corrupção", afirmou à AFP o diretor do jornal Metro Libre, James Aparicio.
Martinelli, proprietário de uma rede de supermercados, venceu as eleições de 2009 com um discurso contra "os políticos tradicionais" e a corrupção, embora no final de seu mandato mais de dez de seus ministros tenham sido detidos por vários escândalos.
O ex-presidente, que ficou preso preventivamente por dois anos no Panamá, após ser extraditado dos Estados Unidos em 2018, foi absolvido em 2021 em um julgamento por suposta espionagem a opositores.
Em janeiro de 2022, os Estados Unidos anunciaram a proibição da entrada de Martinelli e sua família no país por sua participação em "atos de corrupção significativos".
- Candidato presidencial -
O ex-presidente, de 71 anos, aspira voltar ao poder, embora tenha sido chamado a responder a outra ação, em agosto, por suposta lavagem de pagamentos de propinas feitos pela construtora brasileira Odebrecht.
"Martinelli é o favorito nas pesquisas para vencer as eleições do próximo ano, mas se a sentença for confirmada, ele não poderá concorrer nas eleições", declarou Aparicio.
No entanto, Martinelli já concluiu os trâmites burocráticos para inscrever sua candidatura à frente do partido Realizando Metas (de direita), no qual venceu as eleições primárias em junho.
"Ricardo Martinelli será candidato presidencial sim, e se tivermos que fazer o que for necessário, faremos", disse Camacho.