Jornal Estado de Minas

PEQUIM

Chefe da diplomacia chinesa afirma a Kissinger que é 'impossível conter" o país

O principal nome da diplomacia chinesa, Wang Yi, afirmou nesta quarta-feira (19) que é "impossível cercar ou conter" a China, durante um encontro com o ex-secretário de Estado americano Henry Kissinger, que visita Pequim.



"O desenvolvimento da China tem um forte dinamismo o endógeno e uma lógica histórica inevitável. É impossível tentar transformar a China e é ainda mais impossível cercar e conter a China", declarou ao ex-secretário de Estado americano, que completou 100 anos em maio.

Depois de elogiar a amizade que o país estabeleceu com os "velhos amigos", Wang, que é diretor do Comitê Central do Partido Comunista Chinês para as Relações Exteriores, agradeceu a Kissinger por sua "contribuição histórica ao degelo das relações entre China e Estados Unidos".

"A política da China em relação aos Estados Unidos mantém um elevado grau de continuidade e segue as diretrizes fundamentais propostas pelo presidente Xi Jinping, que são respeito mútuo, coexistência pacífica e cooperação em que todos ganham", afirmou Wang.



"Estas três diretrizes são fundamentais e de longo prazo. Também são o caminho correto para que China e Estados Unidos, dois grandes países, tenham uma boa relação", disse o principal diplomata da China.

"A política dos Estados Unidos em relação à China precisa de uma sabedoria diplomática ao estilo de Kissinger e de uma coragem política ao estilo de Nixon", acrescentou, em referência ao ex-presidente americano Richard Nixon, que estabeleceu as relações diplomáticas de Washington com a China comunista.

Henry Kissinger, que na época era conselheiro de Segurança Nacional, viajou de maneira secreta a Pequim em julho de 1971 para concretizar as relações e preparar o caminho para uma visita do presidente Nixon à capital chinesa em 1972.

A abertura do governo americano para a China, que na época estava isolada, serviu de impulso para a economia do gigante asiático, que hoje é a segunda maior potência mundial, atrás apenas dos Estados Unidos.

Kissinger, premiado com o Nobel da Paz em 1973 (em conjunto com o líder norte-vietnamita Le Duc Tho por seu papel na negociação de um cessar-fogo na Guerra do Vietnã, uma premiação muito criticada já na época), fez fortuna como assessor de empresas com investimentos na China e é contrário ao endurecimento da política americana em relação a Pequim.