"Seu lugar é aqui, em Viena", declarou nesta quinta-feira (20) em uma coletiva de imprensa o empresário americano Paul Kaufmann, que doou essas relíquias para a Universidade de Medicina da cidade.
Ele herdou em 1990 os ossos, que estavam dentro de um cofre de um banco na Costa Azul francesa. "Havia muitos tesouros, incluindo esta caixa com a inscrição 'Beethoven' na superfície", explicou.
Os dez pedaços de osso pertenceram ao seu ancestral Franz Romeo Seligmann, um médico vienense que participou em 1863 da exumação do esqueleto do compositor para fins científicos.
Depois disso, esses restos mortais passaram de geração em geração, mudando de país depois que a família fugiu do nazismo na Alemanha.
Após análises para confirmar sua autenticidade, cujos resultados chegarão em cerca de dez meses, serão realizadas investigações para tentar saber mais sobre a causa das diversas patologias sofridas pelo músico.
"Esse também era o desejo de Beethoven. Não se trata de conservar uma relíquia em uma caixa", afirmou o médico legista Christian Reiter.
Em 1802, em uma carta dirigida aos seus irmãos, o compositor explicou que queria que sua doença fosse descrita após sua morte e tornada pública.
Mas dois séculos depois, as causas de seu falecimento, ocorrido em 26 de março de 1827, aos 56 anos, continuam sendo um mistério.
Esses fragmentos de osso foram examinados em 2005 nos Estados Unidos e chegou-se à conclusão de que o compositor poderia ter sido vítima de envenenamento por chumbo, o que explicaria sobretudo seus problemas digestivos.
Naquela época, as pessoas costumavam beber em copos feitos desse metal, e o chumbo e o mercúrio eram frequentemente utilizados em tratamentos médicos.
Porém, em março, foi publicado um estudo baseado na análise do DNA do cabelo de Beethoven que revelou uma forte predisposição a doenças hepáticas e uma infecção de hepatite B no final de sua vida.
Os pesquisadores, por outro lado, ainda não conseguiram esclarecer as causas de sua surdez progressiva.