Em junho, a acusação afirmou que Trump guardou esses arquivos sem tomar medidas de segurança em sua mansão de Mar-a-Lago em Palm Beach. As caixas contêm documentos nucleares e de defesa do Pentágono, da CIA e da Agência de Segurança Nacional.
O ex-presidente os levou quando deixou a Casa Branca em 2021, apesar de a legislação americana exigir que os registros presidenciais sejam entregues aos Arquivos Nacionais.
Os promotores afirmam que o empresário teve muitas oportunidades de devolvê-los. As autoridades revistaram sua casa de Mar-a-Lago em agosto do ano passado, após obterem provas de que ele conservou, com conhecimento de causa, mais de 100 arquivos classificados.
As caixas e pastas com os documentos foram encontradas no escritório do ex-presidente, em um salão de festas, um banheiro, seu quarto e uma despensa, segundo a acusação.
Em ao menos duas ocasiões, segundo os promotores, Trump mostrou documentos classificados sobre operações e planos militares americanos a pessoas não autorizadas, em seu clube de golfe de Bedminster (Nova Jersey).
"Os documentos sigilosos que Trump guardava nas caixas incluíam informação relativa às capacidades de defesa e armamento tanto dos Estados Unidos como de países estrangeiros", argumenta a acusação.
"A divulgação não autorizada desses documentos classificados poderia pôr em risco a segurança nacional dos Estados Unidos, as relações exteriores, a segurança do Exército americano e as fontes", acrescenta.
A acusação inclui 37 crimes contra o ex-presidente. Trinta e um deles por "retenção deliberada de informação de defesa nacional". Cada denúncia corresponde a um documento específico.
Os registros enumerados incluíam informação sobre programas nucleares americanos e possíveis vulnerabilidades dos Estados Unidos e seus aliados ante ataques militares, ao lado de planos de retaliação, segundo a acusação.
Uma condenação por cada uma das 31 acusações de "retenção deliberada" pode acarretar a até dez anos de prisão.
As outras seis acusações são por obstrução da Justiça, punível com até 20 anos de prisão, ocultação de um documento ou registro, que também acarreta a mesma pena, e declarações falsas.
Walt Nauta, assessor pessoal de Trump, também será julgado, acusado de seis crimes por ter ajudado o ex-presidente a esconder documentos em Mar-a-Lago.
Trump e Nauta declararam-se não culpados.
O magnata americano alega que, como ex-presidente, tinha direito a conservar os documentos. Também disse, sem mostrar provas, que durante sua presidência havia desclassificado os documentos em questão.
WASHINGTON