O ministro da Economia e pré-candidato presidencial, Sergio Massa, afirmou que com esse método, "a Argentina não vai usar um único dólar de suas reservas", em uma mensagem gravada e compartilhada nas redes sociais.
As reservas internacionais da Argentina incluem, além dos dólares, uma parte em ouro e também outros instrumentos como os iuanes provenientes do swap com a China. Essa é a segunda vez que o país utiliza a moeda chinesa para pagar o FMI.
- Dívida com o Fundo -
Na sexta-feira, o Fundo Monetário Internacional chegou a um acordo com o Governo argentino sobre a quinta e sexta revisões do acordo de US$ 44 bilhões (em torno de R$ 208 bilhões), em 2018, o que permitirá o novo empréstimo, mas apenas na segunda quinzena de agosto, após a aprovação do conselho de administração do FMI.
O pagamento desta segunda-feira será efetuado com US$ 1 bilhão (aproximadamente R$ 4,7 bilhões) de um empréstimo-ponte com o Banco de Desenvolvimento da América Latina e o restante, da segunda etapa de um swap de moedas com a China, disse o ministro.
Em junho, a Argentina renovou um acordo de swap com a China por 130 bilhões de iuanes (aproximadamente R$ 90 bilhões), em um prazo de três anos e com uma ampliação dos montantes de livre disponibilidade até o equivalente de 10 bilhões de dólares (aproximadamente R$ 47 bilhões na cotação atual).
Esse acordo assinado em 2009 e renovado por diferentes governos é utilizado para pagar importações procedentes da China. Em junho, também foi utilizado para cumprir com os vencimentos com o FMI, cancelados com essa moeda e com o DEG (Direitos Especiais de Giro, as reservas que os países dispõem no FMI).
Na terça-feira, vence outro pagamento ao Fundo por 800 milhões de dólares de juros (aproximadamente R$ 3,8 bilhões), mas a Argentina pode adiá-lo para o fim de agosto sem cair em inadimplência, como já fez com os de junho e julho.
- "Proteger as reservas" -
Massa agradeceu ao CAF e ao governo chinês por "acompanhar o país nesta decisão de proteger as reservas da Argentina para realizar o pagamento temporário ao Fundo até o momento dos desembolsos" do organismo.
"Dessa forma protegemos as reservas em um ano em que o problema da herança da dívida com o fundo se somou à pior seca da história, que nos custou mais de US$ 20 bilhões (R$ 94,2 bilhões) em exportações este ano e mais de US$ 5 bilhões (R$ 23,6 bilhões) em receita para o setor público nacional", afirmou.
Desde 2019, vigora na Argentina um sistema de controle de câmbios, e vários tipos de câmbio funcionam em paralelo ao oficial.
Com a nova revisão, o país comprometeu-se a reforçar as suas reservas durante o resto de 2023, de modo a que as reservas líquidas se situem em cerca de 1 bilhão de dólares até ao final do ano, em um contexto de escassez da moeda americana e de forte demanda do dólar pelo privado.
Historicamente, os argentinos apostam no dólar para se prevenirem da desvalorização de sua moeda.
Na sexta-feira (28), o Banco Central informou que a Argentina tem reservas internacionais de US$ 25,646 bilhões (R$ 121 bilhões), embora analistas estimem que as reservas líquidas estejam bem abaixo, até mesmo negativas.
"Nosso desafio é continuar cuidando das reservas, mantendo o nível de atividade e as importações de bens intermediários e finais são vitais para o funcionamento e a produção da economia", disse Massa.
Em meio à tensão econômica, a Argentina realizará eleições primárias gerais em 13 de agosto para definir os candidatos presidenciais às eleições gerais de 22 de outubro. A inflação anual é de 115% e o índice de pobreza é de 40%.
BUENOS AIRES