A mudança será definida pelo Comitê de Política Monetária (Copom) do BCB em uma nova reunião de dois dias que começa nesta quarta-feira.
Desde que assumiu o governo em janeiro, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva tem pressionado as autoridades da instituição para que iniciem o ciclo de reduções da taxa Selic, cujo nível considera irracional e abusivo.
As pressões aumentaram especialmente nos últimos meses, com um alívio da inflação, que afetou a maior economia latino-americana entre 2021 e 2022, e serviu de argumento ao BCB para aumentos na taxa.
"A inflação em 12 meses está menos que 5%, por que a taxa de juro tem que estar nesse nível? Qual é a explicação? Não existe explicação", disse o presidente Lula.
A taxa permanece em 13,75% desde agosto de 2022, quando o comitê interrompeu as altas iniciadas em março de 2020 desde um mínimo histórico de 2% devido à pandemia.
Neste nível, a taxa de juros brasileira foi a maior do mundo em termos reais (7,54%), ou seja, descontando a inflação projetada para os próximos 12 meses, segundo o site especializado MoneYou.
Porém, há diferenças a respeito da redução prevista: a maioria prevê que será de 0,25 ponto percentual; outros esperam uma redução mais expressiva, de 0,50 ponto, segundo uma pesquisa do jornal econômico Valor com 128 instituições financeiras e consultoras.
- Inflação controlada -
Em seus últimos relatórios, as autoridades do Copom atribuíram o congelamento da Selic à prudência diante de pressões inflacionárias ainda ameaçadoras.
Em junho, o BCB afirmou que o cenário continua exigindo cautela.
No entanto, a inflação permaneceu calma nos últimos meses, o que deixou o governo impaciente, por considerar que já há condições econômicas para iniciar o corte da taxa.
A inflação caiu em junho para 3,16% em 12 meses, a menor desde setembro de 2020.
As projeções para o ano caíram para 4,84%, segundo a última pesquisa Focus do BCB, próximo ao teto de 4,75% estabelecido para a meta da entidade.
Embora a estimativa ainda não esteja dentro das metas, as expectativas dos analistas são de 5,95% para março.
Assim, o mercado situa a taxa Selic em 12% ao final deste ano, segundo as previsões compiladas pelo BCB.
- "Ventos favoráveis" -
As taxas altas encarecem o crédito e desestimulam o consumo e o investimento. Por um lado, isso reduz pressões sobre os preços de bens e serviços, mas por outro, desacelera a economia, na contramão das intenções do governo.
O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, avalia que há espaço para o corte, em um contexto de "ventos favoráveis".
Segundo ele, isso se deve em parte à melhora da nota de crédito do Brasil (para BB) pela agência Fitch, devido a desempenhos macroeconômicos e fiscais melhores do que os esperados.
A perspectiva do mercado é uma expansão de 2,24% do PIB para este ano, número que foi revisado para cima especialmente pelo impulso do setor agropecuário, segundo o boletim Focus.