"Devemos reconhecer a urgência dramática de cuidar da casa comum. No entanto, isso não pode ser feito sem uma conversão do coração e uma mudança da visão antropológica subjacente à economia e à política", afirmou o pontífice durante um encontro com estudantes na Universidade Católica de Lisboa.
"Não podemos contentar-nos com simples medidas paliativas ou com tímidos e ambíguos compromissos", insistiu Francisco, 86 anos, depois de ouvir os depoimentos de vários jovens na instituição fundada em 1967 e presidida por jesuítas.
Francisco voltou a defender o conceito de "ecologia integral", uma marca de seu pontificado desenvolvida na encíclica "Laudato Si" (2015), dedicada à defesa do meio ambiente, que vincula ecologia e justiça social, integrando estreitamente o ser humano com a natureza
"Temos necessidade duma ecologia integral, de escutar o sofrimento do planeta juntamente com o dos pobres; necessidade de colocar o drama da desertificação em paralelo com o dos refugiados; o tema das migrações juntamente com o da queda da natalidade", afirmou.
"Não queremos polarizações, mas visões de conjunto", acrescentou o papa diante das 6.500 pessoas que compareceram ao evento, segundo as autoridades locais.
Mais cedo, durante um encontro que não estava na agenda oficial, Jorge Bergoglio se reuniu com 15 peregrinos ucranianos dos quase 500 que viajaram a Lisboa para a JMJ, informou o Vaticano.
Após o evento na Universidade Católica, o pontífice visitou Cascais, uma cidade histórica que fica 30 quilômetros ao oeste de Lisboa, onde se encontrou com jovens da rede internacional de ensino 'Scholas Occurrentes'.
O líder espiritual de 1,3 bilhão de católicos iniciou na quarta-feira a visita de cinco dias a Lisboa para participar da jornada de encontros festivos, culturais e religiosos, um evento que reúne centenas de milhares de jovens de todos os continentes.
Após um primeiro dia dedicado às autoridades e ao clero local, Francisco presidirá durante a tarde de quinta-feira uma grande cerimônia de boas-vindas aos peregrinos em um parque no centro da cidade, ocupado pela JMJ.
Depois das edições no Rio de Janeiro (2013), Cracóvia (2016) e Panamá (2019), esta é a quarta JMJ para o papa Francisco, que tem a saúde cada vez mais frágil. Hospitalizado três vezes desde 2021, atualmente o pontífice argentino precisa de uma cadeira de rodas ou de uma bengala para seus deslocamentos.
Considerada a maior reunião internacional de católicos, a JMJ foi criada em 1986 por iniciativa de João Paulo II. Esta edição deveria ter acontecido em 2022, mas foi adiada devido à pandemia.