O chefe da diplomacia americana, que presidia uma reunião sobre insegurança alimentar na sede das Nações Unidas em Nova York, disse aos 15 membros do órgão máximo da ONU para a garantia da paz no mundo que "a fome não deve ser transformada em arma" de guerra.
Blinken acusou a Rússia de "atacar" o sistema alimentar mundial na esteira de sua invasão da Ucrânia em fevereiro do ano passado e sua retirada, em julho, da chamada Iniciativa Grãos do Mar Negro. Esse acordo permitiu a exportação de cereais ucranianos durante o último ano.
As autoridades russas se negaram a estender o pacto, o que está repercutindo no aumento dos preços dos alimentos. Essa situação afeta, sobretudo, os países mais pobres.
"Cada membro deste Conselho, cada membro das Nações Unidas deveria dizer chega a Moscou. Chega de usar o Mar Negro como chantagem", declarou Blinken, cujo país preside o Conselho de Segurança este mês.
"Chega de utilizar a população mais vulnerável do planeta. Chega desta guerra injustificada e desmedida", acrescentou.
O acordo, assinado em julho de 2022 e apoiado pela ONU e a Turquia, país que atuou como mediador entre Ucrânia e Rússia, permitiu a venda de grãos ucranianos, apesar da guerra.
Moscou exige garantias em outro acordo para suas próprias exportações, especialmente de fertilizantes e produtos agrícolas.
Na quarta-feira (2), drones russos danificaram um porto ucraniano no Danúbio, em um novo ataque de Moscou contra instalações vitais para a saída de grãos da Ucrânia.
Blinken afirmou que os preços dos cereais subiram mais de 8% em todo o mundo desde o fim do acordo.
Washington pretende tornar público um "comunicado conjunto condenando o uso de alimentos como arma de guerra", assinado por 91 países, disse Blinken à ABC News.
Ele também anunciou 362 milhões de dólares (1,76 bilhão de reais, na cotação atual) para financiar programas de combate à insegurança alimentar e à desnutrição em uma dúzia de países africanos e no Haiti.
Cerca de 345 milhões de pessoas em 79 países sofrem de insegurança alimentar aguda. Além dos conflitos armados, os efeitos da mudança climática contribuem para a fome em muitos desses países.