Mais de 40 mil pessoas –a maioria alunos do ensino fundamental e médio– de 155 países participavam do encontro em Saemangeum, na costa oeste da Coreia do Sul. Mas a previsão de tempestades após a pior onda de calor em anos tem provocado debandada de participantes e aumentado a pressão para que os organizadores suspendam o evento.
Cerca de 36 mil pessoas serão levadas de ônibus nesta terça-feira (8) para áreas afastadas do trajeto previsto para o tufão Khanun, que já causou estragos no Japão e deve atingir a Coreia do Sul na quinta (10). As autoridades estão buscando locais alternativos e acomodações para os jovens em Seul e nos arredores, disse Kim Sung-ho, vice-ministro de Gerenciamento de Desastres e Segurança, em comunicado.
As autoridades dizem que a retirada dos jovens é uma ação preventiva. Kim Hyun-sook, presidente do comitê organizador do Jamboree e ministra de Igualdade de Gênero e Família, disse que o evento continuará a despeito dos fenômenos climáticos —o encontro está programado para acontecer até 12 de agosto. "Para garantir a segurança do Jamboree, estamos discutindo contramedidas detalhadas para a situação do tufão com agências relevantes, incluindo o Ministério do Interior", disse Kim em comunicado.
Ainda assim, dezenas de grupos de escoteiros decidiram abandonar o encontro, o primeiro desde o início da pandemia. À agência Reuters o chefe da delegação do Reino Unido disse que preocupações com limpeza e comida, não apenas com o calor, levaram à decisão de deixar o evento. Argumentos semelhantes foram usados por frequentadores de vários outros países.
O governador da província de Jeolla do Norte, onde o evento estava sendo realizado, pediu desculpas ao público e disse que as estruturas sanitárias seriam reforçadas. Ao longo do evento, autoridades tiveram de enviar caminhões-pipa e ar-condicionado para amenizar o calor, que chegou a 35ºC.
Atingidos pelo calor extremo, centenas de participantes adoeceram e tiveram de receber atendimento médico, gerando reclamações dos pais sobre a segurança de seus filhos. Somente na última quinta (3), 1.486 pessoas foram ao hospital local com desidratação, erupções cutâneas e outras doenças relacionadas às altas temperaturas, segundo o Corpo de Bombeiros. Nenhuma estava em situação crítica.
A repercussão dos impactos da crise climática chegou ao Parlamento. O chefe do Partido do Poder Popular da Coreia do Sul, Kim Gi-hyeon, também pediu desculpas nesta segunda-feira (7) e reconheceu que o evento não está sendo tranquilo. Ele propôs uma investigação para apurar se o dinheiro dos participantes foi investido de forma adequada nos preparativos para o Jamboree. Já o presidente sul-coreano, Yoon Suk Yeol, determinou a mobilização de uma equipe de emergência.
Segundo Kim Hyun-sook, o Jamboree é um festival de uma semana com apresentações culturais e atividades ao ar livre. Um show de um grupo de k-pop que aconteceria no acampamento neste domingo (6) foi adiado para a próxima sexta-feira, mas o local ainda não foi definido por causa do tufão Khanun.