"Houve uma operação desmedida das forças repressivas contra um núcleo que nem sequer estava interrompendo a rua, o que indica que vieram provocar e claramente miraram em Facundo (Molares), militante com uma história revolucionária", disse à AFP Mirta Israel, uma atriz de 62 anos, que participou da passeata.
Em meio ao protesto, alguns encapuzados atiraram uma bomba incendiária na direção de um posto da polícia e pedras contra policiais, mas foram rapidamente isolados do restante dos manifestantes, que os denunciaram como infiltrados.
Os incidentes ocoreram a dois dias da realização das primárias de domingo, que vão definir os candidatos que irão disputar as eleições presidenciais de 22 de outubro.
O manifestante morto foi identificado como Facundo Molares, de 48 anos, um ativista argentino, ex-combatente das Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (Farc) e que esteve detido na Bolívia em 2019, durante o governo de Yanine Añez.
Sua morte ocorreu após ter sido detido e imobilizado no chão pela polícia juntamente com outros militantes de seu grupo político, o Rebelião Popular, que fizeram uma manifestação em frente ao Obelisco, convocando à abstenção eleitoral.
O ex-presidente boliviano Evo Morales expressou, nesta sexta-feira, sua "solidariedade e condolências à família e aos companheiros de luta do irmão Facundo Molares, que perdeu a vida em Buenos Aires em uma repressão policial".
Organizações de defesa dos direitos humanos denunciaram "o uso intenso e irresponsável da força aplicada na repressão que culminou com a morte de Morales" e responsabilizaram a Prefeitura de Buenos Aires pelo ocorrido.
O prefeito Horacio Rodríguez Larreta, pré-candidato à Presidência pelo Juntos por el Cambio (oposição de centro direita), apoiou a polícia e assegurou que a morte ocorreu por uma "descompensação" do homem, devido a seus problemas de saúde.
Imagens do vídeo de uma jornalista mostram que os detidos foram agredidos e imobilizados com o rosto voltado para o chão.
No vídeo, a jornalista pede aos jornalistas que o virassem para cima "porque está ficando roxo".
As manobras de reanimação não tiveram sucesso e, após ter sido levado do local por uma ambulância, sua morte foi declarada.
BUENOS AIRES