A obesidade é uma doença crônica que aumenta o risco de problemas cardiovasculares, diabetes, alguns tipos de câncer, e causa complicações em quadros de infecção respiratória, como a covid-19.
Suas causas não se devem apenas ao tipo de alimentação e ao estilo de vida, pois podem estar relacionadas à genética.
Se a prevenção e os cuidados médicos não melhorarem, a Federação Mundial de Obesidade prevê que, até 2025, metade da população mundial estará em sobrepeso. Segundo seus cálculos, isso acarretará um custo econômico muito alto, de até 4 trilhões de dólares por ano (R$ 196 trilhões na cotação atual), cifra próxima ao PIB da Alemanha.
A ciência avançou na busca de remédios e desenvolveu uma nova geração de medicamentos. Estes novos tratamentos permitem uma perda de peso muito maior do que os anteriores e com menos efeitos colaterais, como diarreia, ou náuseas. Também ajudam a tratar o diabetes e a reduzir os riscos de doenças cardiovasculares.
- Sensação de saciedade -
Com essas drogas, imita-se um hormônio secretado pelos intestinos (GLP-1), criando no cérebro a sensação de saciedade que a comida dá.
A farmacêutica americana Eli Lilly e a dinamarquesa Novo Nordisk aumentaram significativamente suas vendas no segundo trimestre deste ano, graças a moléculas que estimulam a perda de peso.
Depois que a Eli Lilly confirmou que seu medicamento para diabetes, Mounjaro, também funciona para perda de peso, seu faturamento com esse produto se aproximou de US$ 1 bilhão (R$ 4,9 bilhões na cotação atual) no período de abril a junho.
E o número pode disparar ainda mais se a FDA, a agência americana reguladora do setor de remédios e alimentos, autorizar o Mounjaro, este ano, como uma molécula específica contra a obesidade. Nos EUA, 40% da população sofre de sobrepeso.
"A terapia será, sem dúvida, uma alternativa à cirurgia bariátrica, dado que Mounjaro permite uma perda de peso similar", disse Akash Patel, analista farmacêutico da GlobalData.
- Forte demanda -
O futuro também parece promissor para o laboratório dinamarquês Novo Nordisk.
Um estudo mostrou, esta semana, que seu tratamento de obesidade Wegovym, cujas vendas quadruplicaram no segundo trimestre, reduz o risco de acidentes cardiovasculares em 20%.
No entanto, "uma das principais barreiras que os pacientes têm no acesso a estes medicamentos é seu custo", afirma a Associação Americana de Farmacêuticos.
Uma injeção subcutânea de um desses medicamentos uma vez por semana custa mais de US$ 10.000 por ano (R$ 49,1 mil na cotação atual).
Segundo especialistas, uma forma de reduzir seu preço seria fornecê-lo por meio de comprimidos. A Eli Lilly e a também americana Pfizer já estão tentando desenvolver remédios nesse formato.
Os investidores calculam que essas pílulas contra a obesidade podem gerar um mercado mundial de até 54 bilhões de dólares (R$ 265,1 bilhões) até 2030. E isso alimenta o interesse dos laboratórios em desenvolver esse remédio.
PARIS