"Nos massacres verificados, continua-se observando que uma alta porcentagem dos mesmos tem como supostos autores grupos armados não estatais e organizações criminosas", destacou a representante na Colômbia do Alto Comissariado das Nações Unidas para os Direitos Humanos, Juliette De Rivero, durante a apresentação do relatório sobre a situação humanitária do país, em Bogotá.
Os massacres - definidos pela ONU como o assassinato de três ou mais pessoas indefesas em um mesmo local - deixaram 168 mortos no primeiro semestre, 19 deles menores de idade.
A representante também expressou sua preocupação com a "contínua expansão territorial de grupos armados e as estratégias violentas de controle social que usam contra a população civil e as organizações de base, apesar do processo de diálogo oferecido".
No fim do ano passado, o presidente colombiano Gustavo Petro anunciou um cessar-fogo bilateral de seis meses com os cinco principais grupos armados que operam no país. A trégua foi rejeitada dias depois pela guerrilha do ELN, que retomou as hostilidades em janeiro e, posteriormente, concordou com um cessar-fogo que entrou em vigor no último dia 3, como parte das negociações com delegados do Executivo na Venezuela.
Por outro lado, as violações da trégua pelo grupo do narcotráfico Clã do Golfo e por uma facção dissidente do pacto de paz que desarmou as Farc conhecida como Estado Maior Central (EMC) levaram o governo a suspender completamente a interrupção das hostilidades com o primeiro grupo e a levantar o cessar-fogo em quatro regiões do sul do país com o segundo.
Como parte da sua política de Paz Total, Petro, primeiro esquerdista a chegar ao poder na Colômbia, busca desmantelar os grupos armados por meio do diálogo. Mas a oposição denuncia que os ilegais aproveitaram essa política para se fortalecer e atacar a força pública.
A ONU pediu ao governo "uma articulação melhor entre a política de paz total, a política de desmantelamento e a política de segurança", e valorizou o fato de os assassinatos de defensores dos direitos humanos terem diminuído 19% em relação ao semestre anterior. Os 46 casos registrados no primeiro semestre, no entanto, são "intoleráveis", ressaltou Juliette.
Maior produtor mundial de cocaína, a Colômbia vive um conflito de seis décadas em que se enfrentam traficantes de drogas, guerrilheiros, grupos paramilitares e agentes do Estado.
BOGOTÁ