"As medidas são tomadas em correspondência às observações infundadas de que a Universidade Centro-Americana funcionou como um centro de terrorismo, organizando grupos criminosos", indicou a UCA, referindo-se aos protestos de 2018 contra o governo, que deixaram mais de 300 mortos.
Durante essas manifestações, o então reitor da UCA, José Idiáquez, participou como diretor da aliança opositora em diálogos com o governo, que considerou os protestos uma tentativa de golpe de Estado.
A universidade explicou que recebeu na tarde de ontem um ofício notificando a medida: "Ordena-se que a apreensão de todos os bens descritos seja em favor do Estado da Nicarágua, que garantirá a continuidade de todos os programas educacionais."
O Conselho Nacional de Universidades afirmou que trabalha "para garantir a continuidade dos estudos dos alunos de graduação e pós-graduação da extinta Universidade Centro-Americana".
O governo do presidente Daniel Ortega, que não comentou o caso, mantém uma relação conflituosa com a Igreja Católica, com a prisão de alguns membros da mesma. Em fevereiro, o Papa disse estar "preocupado e entristecido" com a situação na Nicarágua.
"A Universidade Centro-Americana suspende, a partir de hoje, todas as atividades acadêmicas e administrativas, até que seja possível retomá-las de maneira ordinária, o que será informado pelos canais de comunicação oficiais da Universidade", acrescentou o centro acadêmico.
A sede provincial centro-americana da Companhia de Jesus considerou as acusações contra a UCA "totalmente falsas e infundadas" e pediu a Manágua que reverta o que chamou de "medida drástica, inesperada e injusta".
"Trata-se de uma política governamental que viola sistematicamente os direitos humanos e parece ter como objetivo a consolidação de um Estado totalitário", manifestou a organização jesuíta, com sede em San Salvador.
Fundada em julho de 1960, por sacerdotes da Companhia de Jesus, a UCA conta com aproximadamente 5.000 estudantes e se define como uma "instituição educacional sem fins lucrativos, autônoma, de serviço público e inspiração cristã".
Autoridades do país também fecharam recentemente duas universidades da arquidiocese de Manágua, assim como aproximadamente 3.000 ONGs, em um contexto de endurecimento das leis após os protestos. Além disso, centenas de opositores foram enviados ao exílio e privados de seus bens e de sua nacionalidade.
MANÁGUA