Jornal Estado de Minas

WASHINGTON

Posições de republicanos sobre questões climáticas chocam ambientalistas

Grupos ambientalistas e especialistas em clima nos Estados Unidos expressaram indignação, nesta quinta-feira (24), pelas posições sobre as mudanças climáticas expressas pelos pré-candidatos republicanos à Presidência em seu primeiro debate televisionado, na noite passada.



O tema das mudanças climáticas provocou uma das trocas mais reveladoras do debate e foi abordado apenas 20 minutos após o início, quando os moderadores pediram aos oito aspirantes à indicação republicana para levantarem a mão se "acreditam que a ação do homem está causando as mudanças climáticas".

Antes que alguém pudesse fazer o gesto, o governador da Flórida, Ron DeSantis, segundo colocado nas pesquisas atrás de Donald Trump, um negacionista climático que não participou do debate, interveio dizendo: "Não somos crianças na escola, vamos voltar ao debate".

Isso deixou os candidatos livres para manterem as mãos abaixadas. No entanto, um deles, o empresário Vivek Ramaswamy, que vem crescendo nas últimas pesquisas, aproveitou a oportunidade.

"A agenda das mudanças climáticas é uma fraude", disse este estreante na política de 38 anos. "A realidade é que mais pessoas estão morrendo devido a políticas ruins de mudanças climáticas do que realmente por causa das mudanças climáticas", acrescentou. Ele não deu evidências para sustentar seu argumento.



Pouco antes, ele havia dito que o governo deve "destravar a energia americana, perfurar, queimar carvão, abraçar a energia nuclear".

O presidente democrata Joe Biden reagiu imediatamente através da rede social X (antigo Twitter), dizendo: "as mudanças climáticas são reais, a propósito".

Climatologistas também se pronunciaram.

"O Partido Republicano não é apenas uma ameaça para a nação. É uma ameaça para o planeta", criticou Michael Mann, um renomado climatologista da Universidade da Pensilvânia.

O veículo especializado Climate Power, que se referiu ao debate televisionado como "a política no que ela tem de pior", observou que Ramaswamy foi vaiado pela plateia depois de usar a palavra "fraude".

"A eleição de 2024 será sobre o clima - e os republicanos enfrentarão consequências reais por suas negações contínuas", afirmou.

"Jovens americanos - incluindo 88% dos conservadores - querem um plano real para enfrentar as mudanças climáticas", escreveu na rede X Christopher Barnard, presidente da American Conservation Coalition.



Sua organização de direita, pelo contrário, elogiou as declarações da única mulher na disputa pela indicação republicana, Nikki Haley.

"As mudanças climáticas são reais? Sim, são", disse a ex-embaixadora dos EUA na ONU. "Mas se quisermos realmente mudar o meio ambiente, então precisamos começar a dizer à China e à Índia que precisam reduzir suas emissões", acrescentou.

Farhana Sultana, professora da Universidade de Syracuse, criticou essa linha de raciocínio como uma tentativa de desviar a responsabilidade acusando outros países.

A China emite mais que o dobro de dióxido de carbono (CO2) dos Estados Unidos por ano, de acordo com a Agência Internacional de Energia (IEA). Mas as emissões per capita são muito mais altas nos Estados Unidos, que historicamente também emitiram mais CO2 do que a China.

Em todo caso, o debate "colocou questões críticas em destaque", avaliou o grupo ativista Extinction Rebellion. "É hora de os candidatos se levantarem e #DizerAVerdade sobre os problemas mais importantes", afirmou.

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